São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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Gente GRANDE

  Rio supera Madri, Tóquio e Chicago e sediará Jogos de 2016

  Em decisão histórica, COI dá a Olimpíada para a América do Sul

  Com vitória, Brasil vira país de primeira classe, afirma Lula

Vanderlei Almeida/France Presse
Multidão de cerca de 50 mil pessoas em Copacabana comemoram a escolha do Rio para sediar os Jogos de 2016, na festa de ontem

LUCIANA COELHO
SÉRGIO RANGEL
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS A COPENHAGUE

Demorou cerca de dez minutos a votação do COI (Comitê Olímpico Internacional) que tornou o Rio de Janeiro sede dos Jogos de 2016. Demorou 17 anos para o Brasil concretizar o sonho olímpico. Demorou 113 anos para a América do Sul ter direito a receber o maior evento multiesportivo do planeta.
Por 66 a 32, o Rio bateu Madri no último turno de votação. Chicago foi surpreendentemente eliminada na primeira rodada, e Tóquio, na segunda. Os Jogos Olímpicos no Brasil acontecerão de 5 a 21 de agosto.
A decisão tornará o Brasil o centro esportivo mundial na próxima década: a Copa de 2014 já estava garantida.
Isso ocorre num momento em que o país obtém avanços na economia e cresce na política externa. Emocionado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou o enterro do complexo de vira-latas no país.
"Por sermos um país colonizado, a gente tem mania de pensar pequeno. Hoje, o Brasil conquistou a cidadania internacional. Quebramos o último preconceito. Provamos que temos competência para fazer a Olimpíada. Saímos do patamar de segunda classe para primeira. Respeito é bom. Nós damos, mas gostamos de receber."
Ao deixar de pensar pequeno, o Brasil terá de gastar só nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos pelo menos US$ 14,3 bilhões (R$ 25,9 bilhões), orçamento inicial do projeto, o maior entre as concorrentes.
A maior parte será da União.
O Brasil ainda teve que dar garantias financeiras estatais ao COI e mostrar que seu crescimento sustentará os Jogos.
Foi o único dos quatro países a levar o seu presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao COI. Foi ainda o país que mais investiu em consultorias para elaborar um dossiê.
"O Rio foi humilde e aprendeu quando perdeu para 2012. Agora, ganhou", disse o presidente do COI, Jacques Rogge.
Naquele processo, a cidade brasileira foi eliminada ainda pelo primeiro relatório técnico. Sobre sua desclassificação em 2005, o presidente da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, contou que foi procurar o dirigente máximo do comitê no dia seguinte para pedir conselhos.
"Agradeci, porque realmente não estávamos preparados", reconheceu Nuzman, que ganha status no mundo olímpico e político. O Brasil já tinha perdido três candidaturas aos Jogos -a primeira em 1992, com Brasília, que nem mesmo chegou a ser avaliada pelo COI.
Esse aspecto técnico foi acompanhado de negociação política do presidente Lula e de Nuzman em áreas de influência do governo brasileiro, como a África e América Latina.
Aos membros do COI foi pedida a primeira Olimpíada na América do Sul. O argumento, a transformação do país. Primeiros efeitos: já amainou um trauma, mudou um discurso.


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