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Gente GRANDE
Rio supera
Madri, Tóquio e Chicago e sediará Jogos de 2016
Em decisão
histórica, COI dá a Olimpíada para a América do Sul
Com vitória,
Brasil vira país de primeira classe, afirma Lula
Vanderlei Almeida/France Presse
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Multidão de cerca de 50 mil pessoas em Copacabana comemoram a escolha do Rio para sediar os Jogos de 2016, na festa de ontem
LUCIANA COELHO
SÉRGIO RANGEL
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS A COPENHAGUE
Demorou cerca de dez minutos a votação do COI (Comitê
Olímpico Internacional) que
tornou o Rio de Janeiro sede
dos Jogos de 2016. Demorou 17
anos para o Brasil concretizar o
sonho olímpico. Demorou 113
anos para a América do Sul ter
direito a receber o maior evento multiesportivo do planeta.
Por 66 a 32, o Rio bateu Madri no último turno de votação.
Chicago foi surpreendentemente eliminada na primeira
rodada, e Tóquio, na segunda.
Os Jogos Olímpicos no Brasil
acontecerão de 5 a 21 de agosto.
A decisão tornará o Brasil o
centro esportivo mundial na
próxima década: a Copa de
2014 já estava garantida.
Isso ocorre num momento
em que o país obtém avanços
na economia e cresce na política externa. Emocionado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou o enterro do complexo de vira-latas no país.
"Por sermos um país colonizado, a gente tem mania de
pensar pequeno. Hoje, o Brasil
conquistou a cidadania internacional. Quebramos o último
preconceito. Provamos que temos competência para fazer a
Olimpíada. Saímos do patamar
de segunda classe para primeira. Respeito é bom. Nós damos,
mas gostamos de receber."
Ao deixar de pensar pequeno,
o Brasil terá de gastar só nos
Jogos Olímpicos e Paraolímpicos pelo menos US$ 14,3 bilhões (R$ 25,9 bilhões), orçamento inicial do projeto, o
maior entre as concorrentes.
A maior parte será da União.
O Brasil ainda teve que dar
garantias financeiras estatais
ao COI e mostrar que seu crescimento sustentará os Jogos.
Foi o único dos quatro países
a levar o seu presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao COI. Foi ainda o país
que mais investiu em consultorias para elaborar um dossiê.
"O Rio foi humilde e aprendeu quando perdeu para 2012.
Agora, ganhou", disse o presidente do COI, Jacques Rogge.
Naquele processo, a cidade
brasileira foi eliminada ainda
pelo primeiro relatório técnico.
Sobre sua desclassificação em
2005, o presidente da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman,
contou que foi procurar o dirigente máximo do comitê no dia
seguinte para pedir conselhos.
"Agradeci, porque realmente
não estávamos preparados", reconheceu Nuzman, que ganha
status no mundo olímpico e político. O Brasil já tinha perdido
três candidaturas aos Jogos -a
primeira em 1992, com Brasília, que nem mesmo chegou a
ser avaliada pelo COI.
Esse aspecto técnico foi
acompanhado de negociação
política do presidente Lula e de
Nuzman em áreas de influência
do governo brasileiro, como a
África e América Latina.
Aos membros do COI foi pedida a primeira Olimpíada na
América do Sul. O argumento, a
transformação do país. Primeiros efeitos: já amainou um
trauma, mudou um discurso.
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