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Festa tem protesto, suvenir estatal e até falta de chope
Show em Copacabana reúne cerca de 50 mil pessoas, que recebem cartazes da Petrobras para comemorar a vitória
Com atrações ofuscadas por anúncios em Copenhague, evento atrai de pagador de promessas a ex-servidores do Samu criticando governo
AUDREY FURLANETO
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
No colo da mãe, a pé ou em
cadeira de rodas. O carioca foi
como pôde para a praia de Copacabana (zona sul) torcer pela
eleição do Rio como sede da
Olimpíada de 2016.
Bandanas, bexigas e bandeiras com a frase "É a vez do Rio",
distribuídas pela prefeitura,
eram os adereços mais comuns.
Mas imagem de são Jorge e até
uma tocha olímpica apareceram para aguardar o resultado.
Cerca de 50 mil pessoas, de
acordo com a Polícia Militar,
foram à praia de Copacabana
para os shows de Lulu Santos,
grupo Revelação e bateria da
escola de samba Salgueiro.
Mas as "atrações" foram pouco notadas até o anúncio da cidade-sede. O ator Eri Johnson
fez pouco sucesso como uma
espécie de animador de auditório e, em vão, tentava puxar coros com a multidão.
Na areia, os carrinhos de chope próximos ao palco não deram conta da demanda e, vez ou
outra, fechavam até conseguir
repor a bebida. Os olhos do público se dividiam entre o copo e
o telão em que era exibido o encontro em Copenhague.
A comemoração após a eliminação de Chicago e Tóquio pegou Lulu Santos de surpresa.
"O que vocês estão gritando?
O Brasil já ganhou?", disse o
cantor, no palco, de onde não
conseguia observar o telão.
No calçadão, o "inventor"
Luiz Pinto, 41, exibia imagem
de são Jorge de 25 kg e 2,20 m
com a qual percorreu os cerca
de 40 km entre Nova Iguaçu e
Copacabana. "Fiz o pedido para
o Rio ganhar e fui atendido."
Já a aposentada Helena Medeiros, 94, decorou a cadeira de
rodas com balões e foi à praia.
"A Olimpíada trará movimento
para a cidade, dinheiro. Já visitei o mundo todo, agora o mundo tem que visitar o Rio", disse.
Um bandeirão de 2.200 m2 e
800 kg com a inscrição "Rio loves you" (Rio ama você) foi
aberto sobre a multidão. Cartazes com a frase "Eu já sabia"
em português, espanhol, japonês e inglês -com o logo da Petrobras- foram distribuídos.
Em letras menores, traziam
estampadas as frases: "Hoje a
nossa energia fez a diferença.
Mostre este cartaz para as câmeras do mundo todo".
O anúncio da vitória foi comemorado com o samba-enredo "Peguei um Ita no Norte"
("Explode coração, na maior
felicidade"), do Salgueiro, campeã do Carnaval de 1993.
Para os moradores, porém, a
expectativa de desenvolvimento da cidade chega aliada ao
medo da corrupção envolvendo os bilhões previstos para a
organização da Olimpíada.
Mas muitos aproveitaram a
multidão para outros objetivos. O ainda inexistente Partido da Mulher Brasileira pedia
assinaturas para sua fundação.
Ex-terceirizados que prestavam serviço ao Samu (Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência) protestavam contra o
governador Sérgio Cabral. Um
deles, com a mortalha e a máscara do vilão do filme "Pânico",
dançou com garotos-propagandas de empresa telefônica.
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