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Pior particular supera 75% das estaduais
Na cidade de SP, de 572 escolas estaduais, apenas 157 ficaram acima da média de 50,8, obtida pelo Colégio Integral Inaci
A melhor escola estadual foi a Rui Bloem, no bairro da Saúde, que obteve média 59,3 e ficou em 335º no ranking geral da cidade
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)
divulgados ontem expuseram o
abismo que separa a qualidade
do ensino médio privado do público na capital paulista: quase
75% das escolas estaduais tiveram média inferior à do pior colégio particular da cidade.
Isso significa que das 572 escolas mantidas pelo governo
estadual paulista com nota
considerada na prova, apenas
157 ficaram acima da média
50,8, obtida pelo Colégio Integral Inaci, localizado no Jardim
Paulista (zona oeste de SP). A
escala vai de 0 a 100.
"Poderia ter sido melhor.
Acho que os alunos não renderam tudo o que sabiam", avalia
a diretora da escola, Tatiana
Faro, 37, que não faz críticas
aos critérios da avaliação.
Ela conta que, para melhorar
na próxima edição, o colégio
começou a usar, neste ano, as
provas anteriores do Enem nas
tarefas e exames.
Excetuando-se o Colégio de
Aplicação da USP, que possui
regras diferentes do restante
do sistema, a melhor escola estadual foi a Rui Bloem, que obteve média 59,3 e ficou em 335º
no ranking geral da cidade. A
melhor escola da cidade, o Vértice, teve nota 81,7.
"O quadro da escola pública
está assustador", afirmou o
pesquisador da Fundação Carlos Chagas, Celso Ferretti.
Para Ferretti, os principais
problemas da rede são as condições de trabalho dos professores, como longas jornadas
devido aos baixos salários e a
alta rotatividade dos docentes
entre as escolas. Análise semelhante tem a Apeoesp (sindicato dos professores).
A Secretaria da Educação do
governo José Serra (PSDB)
afirma que espera melhorar a
qualidade do ensino "com
ações inovadoras implantadas
a partir deste ano".
Um dos principais reflexos
do "quadro assustador" no sistema estadual é a chance de um
aluno da escola pública entrar
num vestibular concorrido.
No último exame da Fuvest
(que seleciona alunos para a
USP), por exemplo, apenas 19%
dos aprovados estudaram integralmente na rede estadual.
O percentual de aprovação é
ainda menor nos cursos mais
concorridos. Em medicina, foi
de 3,7%. Os percentuais são reduzidos mesmo com a adoção
na universidade de um bônus
de 3% na nota do vestibular para os alunos da escola pública.
O ensino técnico foi uma exceção na rede pública na cidade. Entre as dez primeiras no
ranking geral, entraram na lista
o Cefet-SP (único centro federal mantido pela União na cidade) e a Escola Técnica de São
Paulo (do governo do Estado).
Das 11 escolas técnicas estaduais que obtiveram nota no
exame, seis ficaram entre as 50
melhores no ranking geral da
capital paulista.
Colaborou MARIANA BARROS
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