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ELEIÇÕES 2004 / SÃO PAULO
Ex-prefeita diz que presidente petista é autoritário e antiético
Apoio do PSB a Marta no 2º turno, porém, já é dado como certo
Erundina critica Genoino por falar em apoio
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
A candidata à Prefeitura de São
Paulo Luiza Erundina (PSB) reagiu com indignação à atitude do
presidente do PT, José Genoino,
de sair a público para anunciar
que já está em negociações com o
PSB para que o partido apóie a
prefeita Marta Suplicy (PT) no segundo turno. A ex-prefeita acusou Genoino de autoritarismo.
"É um desrespeito, uma desconsideração. Na véspera da eleição, o presidente do PT sinaliza
para o eleitor que eu não vou para
o segundo turno. Antes de terminar o primeiro turno, ele já vende
o apoio da candidata. É, no fundo,
autoritário, antiético e antidemocrático", disse Erundina ontem.
Anteontem, Genoino havia dito
que "o lado da Erundina é vermelho 13" e que as negociações com
o presidente do PSB, Miguel Arraes, iam bem. Os petistas tentam
evitar que os votos de Erundina
migrem para José Serra (PSDB).
Irritada, Erundina disse que "as
declarações do presidente do PT
não procedem". "Na semana passada, esteve aqui o ex-ministro
Roberto Amaral, vice-presidente
do PSB. Ele não participou de nenhuma reunião da direção nacional para decidir sobre segundo
turno. Eu mesma sou da direção
nacional e também não fui procurada para tratar desse assunto."
Ela afirmou que só avaliará possíveis apoios no segundo turno
após o último voto ser apurado.
Apesar das críticas a Genoino,
Erundina sinalizou que pode ir
para o lado dos petistas. Ela disse
que não gostaria de apoiar Marta,
mas que aceitaria o nome que a
cúpula do PSB escolhesse. O
apoio à petista já é dado como
certo porque uma aliança com o
adversário tucano poderia custar
a permanência do PSB no governo federal -o partido tem o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Sem o vice
Erundina votou numa escola a
poucos quarteirões de sua casa,
em Mirandópolis (zona sul). Ela
chegou às 10h30, acompanhada
de Irene Moxotó, sua irmã. Figura
rara na campanha de rua, o vice
da chapa, Michel Temer (PMDB),
também não foi visto ao lado da
candidata ontem, que levou 20
minutos para votar.
Erundina se queixou da falta de
recursos para sua campanha
-"não tivemos nem um outdoor
sequer em toda a cidade"-, mas
voltou a negar que tenha a intenção de trocar o PSB por um partido maior depois da eleição. Chegou-se a dizer que o presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia, já dava como certa a filiação
da ex-prefeita a seu partido.
"Não, absolutamente. Não vou
trocar de partido. Quero ajudar a
fortalecer meu partido e colocá-lo
numa posição de ser uma alternativa de poder no país, e não um satélite de qualquer outro. O resultado destas eleições vai indicar ao
PSB a necessidade de ter uma relação mais independente com o
governo federal."
Erundina lançou-se candidata
com poucas chances de ser eleita.
A aliança PSB-PMN lhe daria cerca de um minuto no horário eleitoral de rádio e televisão. Suas
chances aumentaram quando o
PMDB aderiu à candidatura. O
acordo com Quércia quadruplicou o tempo de propaganda, mas
acabou lhe rendendo duras críticas. Os dois eram inimigos quando ela era prefeita de São Paulo e
ele, governador do Estado.
No início da campanha, Erundina se comprometeu a dar transparência a todas as movimentações financeiras de seu comitê.
Três semanas atrás, no entanto,
teve que admitir que a almejada
"prestação de contas em tempo
real" seria impossível. Segundo
ela, nenhum de seus financiadores aceitou ter o nome divulgado.
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