São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES 2004 / SÃO PAULO

Ex-prefeita diz que presidente petista é autoritário e antiético

Apoio do PSB a Marta no 2º turno, porém, já é dado como certo


Erundina critica Genoino por falar em apoio

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A candidata à Prefeitura de São Paulo Luiza Erundina (PSB) reagiu com indignação à atitude do presidente do PT, José Genoino, de sair a público para anunciar que já está em negociações com o PSB para que o partido apóie a prefeita Marta Suplicy (PT) no segundo turno. A ex-prefeita acusou Genoino de autoritarismo.
"É um desrespeito, uma desconsideração. Na véspera da eleição, o presidente do PT sinaliza para o eleitor que eu não vou para o segundo turno. Antes de terminar o primeiro turno, ele já vende o apoio da candidata. É, no fundo, autoritário, antiético e antidemocrático", disse Erundina ontem.
Anteontem, Genoino havia dito que "o lado da Erundina é vermelho 13" e que as negociações com o presidente do PSB, Miguel Arraes, iam bem. Os petistas tentam evitar que os votos de Erundina migrem para José Serra (PSDB).
Irritada, Erundina disse que "as declarações do presidente do PT não procedem". "Na semana passada, esteve aqui o ex-ministro Roberto Amaral, vice-presidente do PSB. Ele não participou de nenhuma reunião da direção nacional para decidir sobre segundo turno. Eu mesma sou da direção nacional e também não fui procurada para tratar desse assunto." Ela afirmou que só avaliará possíveis apoios no segundo turno após o último voto ser apurado.
Apesar das críticas a Genoino, Erundina sinalizou que pode ir para o lado dos petistas. Ela disse que não gostaria de apoiar Marta, mas que aceitaria o nome que a cúpula do PSB escolhesse. O apoio à petista já é dado como certo porque uma aliança com o adversário tucano poderia custar a permanência do PSB no governo federal -o partido tem o Ministério da Ciência e Tecnologia.

Sem o vice
Erundina votou numa escola a poucos quarteirões de sua casa, em Mirandópolis (zona sul). Ela chegou às 10h30, acompanhada de Irene Moxotó, sua irmã. Figura rara na campanha de rua, o vice da chapa, Michel Temer (PMDB), também não foi visto ao lado da candidata ontem, que levou 20 minutos para votar.
Erundina se queixou da falta de recursos para sua campanha -"não tivemos nem um outdoor sequer em toda a cidade"-, mas voltou a negar que tenha a intenção de trocar o PSB por um partido maior depois da eleição. Chegou-se a dizer que o presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia, já dava como certa a filiação da ex-prefeita a seu partido.
"Não, absolutamente. Não vou trocar de partido. Quero ajudar a fortalecer meu partido e colocá-lo numa posição de ser uma alternativa de poder no país, e não um satélite de qualquer outro. O resultado destas eleições vai indicar ao PSB a necessidade de ter uma relação mais independente com o governo federal."
Erundina lançou-se candidata com poucas chances de ser eleita. A aliança PSB-PMN lhe daria cerca de um minuto no horário eleitoral de rádio e televisão. Suas chances aumentaram quando o PMDB aderiu à candidatura. O acordo com Quércia quadruplicou o tempo de propaganda, mas acabou lhe rendendo duras críticas. Os dois eram inimigos quando ela era prefeita de São Paulo e ele, governador do Estado.
No início da campanha, Erundina se comprometeu a dar transparência a todas as movimentações financeiras de seu comitê. Três semanas atrás, no entanto, teve que admitir que a almejada "prestação de contas em tempo real" seria impossível. Segundo ela, nenhum de seus financiadores aceitou ter o nome divulgado.


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