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ELEIÇÕES 2004 / FORTALEZA
Partido da candidata apoiou e financiou aliado do PC do B local
Genoino diz que não pedirá desculpas e que ela terá suporte
Sem apoio do PT, Luizianne vai ao 2º turno
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Abandonada pela cúpula do PT
nacional, a candidata Luizianne
Lins chega ao segundo turno da
eleição em Fortaleza com um discurso de conciliação das esquerdas para tentar vencer Moroni
Torgan (PFL).
A ida dos dois candidatos à próxima fase da eleição na capital
cearense representa a derrota local dos dois principais caciques
políticos no Ceará, o senador Tasso Jereissati (PSDB) e o ministro
Ciro Gomes (PPS).
Até o final da noite de ontem,
com 96% dos votos apurados,
Moroni liderava a disputa com
26,57% dos votos, contra 22,34%
de Luizianne. Em terceiro, aparecia Inácio Arruda (PC do B),
apoiado por Ciro, com 19,11%.
Para Luizianne, a retratação do
grupo do PT nacional que ficou
do lado de Inácio e contra ela durante toda o primeiro turno se dará, agora, com a demonstração de
apoio à sua candidatura. "Nós vamos chamar todo mundo de volta, porque, como eu tenho dito,
coração de mulher é assim mesmo, deste tamanho", disse.
Durante toda a campanha, Luizianne sofreu a oposição da cúpula do diretório nacional do PT, inclusive do presidente do partido,
José Genoino.
Ontem, Genoino disse que "o
PT não vai pedir desculpas porque cumpriu com seu dever com
relação a um aliado importante",
referindo à Arruda. O presidente
do PT disse que o partido Diz que
vai apoiar porque, "ela é candidata do PT e nós vamos dar um tratamento igual ao de qualquer aliado no 2º turno", Genoino
A petista não recebeu recursos
do PT nacional. Boa parte da estrutura montada para candidatos
petistas no país desembarcou na
campanha de Arruda, que teve até
showmícios com artistas exclusivos do PT, como a dupla sertaneja
Zezé Di Camargo e Luciano.
Para tentar desvincular o PT da
campanha de Luizianne, foram
criados até movimentos com a estrela e a cor vermelha do partido.
O primeiro desses movimentos,
proibido pela Justiça eleitoral, era
"Sou PT, voto Inácio", que acabou sendo substituído por "Sou
Lula, voto Inácio".
"Isso tudo é um fato que envergonha a história do partido", disse o deputado federal João Alfredo Teles (PT), coordenador da
campanha de Luizianne.
Apesar da guerra interna, os petistas "infiéis" não serão rejeitados no segundo turno, segundo
Teles. "Não seremos revanchistas", disse.
Desde 1985, quando o PT em
Fortaleza conseguiu a façanha de
derrotar os então favoritos Paes
de Andrade e Lúcio Alcântara,
com a vitória de Maria Luiza Fontenele, a esquerda não tinha êxito
na cidade. Quem começou a campanha como o favorito nesta eleição foi Inácio, apoiado pelo ministro Ciro Gomes (PPS), que deixou o palanque de Tasso depois
de 16 anos de união.
Para Ciro, entre os fatores que
fizeram Inácio perder pontos, está
a falta de clareza nas respostas sobre votações polêmicas no Congresso, em que Inácio "teve de engolir sapos", segundo Ciro, para
apoiar o governo federal, como na
votação da reforma da Previdência e do salário mínimo.
Correndo por fora na disputa,
sem ser alvo de ataques dos adversários, Moroni fez a campanha
praticamente sem alianças, apenas com o PAN na coligação.
Colaborou a Reportagem Local
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