São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES 2004 / FORTALEZA

Partido da candidata apoiou e financiou aliado do PC do B local

Genoino diz que não pedirá desculpas e que ela terá suporte

Sem apoio do PT, Luizianne vai ao 2º turno

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Abandonada pela cúpula do PT nacional, a candidata Luizianne Lins chega ao segundo turno da eleição em Fortaleza com um discurso de conciliação das esquerdas para tentar vencer Moroni Torgan (PFL).
A ida dos dois candidatos à próxima fase da eleição na capital cearense representa a derrota local dos dois principais caciques políticos no Ceará, o senador Tasso Jereissati (PSDB) e o ministro Ciro Gomes (PPS).
Até o final da noite de ontem, com 96% dos votos apurados, Moroni liderava a disputa com 26,57% dos votos, contra 22,34% de Luizianne. Em terceiro, aparecia Inácio Arruda (PC do B), apoiado por Ciro, com 19,11%.
Para Luizianne, a retratação do grupo do PT nacional que ficou do lado de Inácio e contra ela durante toda o primeiro turno se dará, agora, com a demonstração de apoio à sua candidatura. "Nós vamos chamar todo mundo de volta, porque, como eu tenho dito, coração de mulher é assim mesmo, deste tamanho", disse.
Durante toda a campanha, Luizianne sofreu a oposição da cúpula do diretório nacional do PT, inclusive do presidente do partido, José Genoino.
Ontem, Genoino disse que "o PT não vai pedir desculpas porque cumpriu com seu dever com relação a um aliado importante", referindo à Arruda. O presidente do PT disse que o partido Diz que vai apoiar porque, "ela é candidata do PT e nós vamos dar um tratamento igual ao de qualquer aliado no 2º turno", Genoino
A petista não recebeu recursos do PT nacional. Boa parte da estrutura montada para candidatos petistas no país desembarcou na campanha de Arruda, que teve até showmícios com artistas exclusivos do PT, como a dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano.
Para tentar desvincular o PT da campanha de Luizianne, foram criados até movimentos com a estrela e a cor vermelha do partido. O primeiro desses movimentos, proibido pela Justiça eleitoral, era "Sou PT, voto Inácio", que acabou sendo substituído por "Sou Lula, voto Inácio".
"Isso tudo é um fato que envergonha a história do partido", disse o deputado federal João Alfredo Teles (PT), coordenador da campanha de Luizianne.
Apesar da guerra interna, os petistas "infiéis" não serão rejeitados no segundo turno, segundo Teles. "Não seremos revanchistas", disse.
Desde 1985, quando o PT em Fortaleza conseguiu a façanha de derrotar os então favoritos Paes de Andrade e Lúcio Alcântara, com a vitória de Maria Luiza Fontenele, a esquerda não tinha êxito na cidade. Quem começou a campanha como o favorito nesta eleição foi Inácio, apoiado pelo ministro Ciro Gomes (PPS), que deixou o palanque de Tasso depois de 16 anos de união.
Para Ciro, entre os fatores que fizeram Inácio perder pontos, está a falta de clareza nas respostas sobre votações polêmicas no Congresso, em que Inácio "teve de engolir sapos", segundo Ciro, para apoiar o governo federal, como na votação da reforma da Previdência e do salário mínimo.
Correndo por fora na disputa, sem ser alvo de ataques dos adversários, Moroni fez a campanha praticamente sem alianças, apenas com o PAN na coligação.


Colaborou a Reportagem Local

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