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COMO CIDADES TRANSFORMAM MÁCULAS EM JÓIAS
JAN KUMMER
DA EQUIPE DE TRAINEES
Planejamento, mobilização popular e ajuda do setor privado foram as armas das principais cidades do mundo para transformar
seus centros, outrora degradados,
em disputadas atrações turísticas.
Segundo Regina Meyer, urbanista da USP, dois foram os principais modelos: o europeu, que
investiu na preservação de patrimônios históricos, e o americano,
de renovação da vida urbana.
Um exemplo é Nova York. Em
1991 começou a revitalização da
região de Times Square. Teatros e
cinemas pornográficos foram desapropriados e transformados em
palcos de musicais.
Comerciantes e moradores fundaram uma entidade para tornar
a área mais segura e atrair empresas. Foram contratados, por
exemplo, seguranças particulares
e garis. Em seis anos, a criminalidade caiu 53%, também graças à
política da "tolerância zero" do
então prefeito Rudolph Giuliani.
Hoje, a região atrai 20 milhões
de turistas por ano, e gigantes da
mídia como MTV e Reuters mantêm suas sedes na região.
Mecenas
Um dos exemplos do modelo
europeu é Paris, cujo centro está
em preservação permanente. Em
1988 ocorreu o recuperação do
Arco do Triunfo, que custou US$
6 milhões. Foi convocada uma
campanha mundial para arrecadar fundos privados. Na França, é
comum que mecenas paguem até
50% dos custos para conservar
patrimônios históricos.
Na maioria dos casos, a revitalização começa por iniciativa pública e recebe o apoio de empresas, como o projeto Porto Madero, em Buenos Aires, que transformou a velha área portuária
num novo centro da capital.
Lá, de 1989 até hoje, foram investidos US$ 200 milhões de recursos públicos e US$ 1,8 bilhão
do setor privado. Para coordenar
o processo, foi fundada uma empresa cujos dois acionistas eram
os governos nacional e municipal.
Além disso, foi estabelecido um
programa de obras.
"Revitalização é como uma estratégia militar", diz John Accordino, urbanista da Virginia Commonwealth University nos EUA.
"As cidades precisam de um plano geral que mostre onde os recursos vão ser concentrados nos
próximos anos. Isso traz segurança no planejamento e as construtoras se concentram no assunto."
Alternativas
Mesmo assim, a revitalização
também ocorreu de formas alternativas, como no bairro nova-iorquino do SoHo. Foram artistas
plásticos que, a partir dos anos 60,
revitalizaram a região, transformando os antigos armazéns e fábricas em oficinas e galerias.
Muitas cidades descobriram a
cultura como meio para acelerar a
revitalização. Barcelona construiu, por exemplo, o Museu de
Arte Contemporânea e ampliou o
Museu Picasso com financiamento da União Européia.
John Accordino acredita, porém, que é preciso ter mais que lugares culturais: "Revitalização só
vai funcionar se houver outras
possibilidades naquele lugar".
Trabalho, por exemplo.
Para atrair empresas, algumas
cidades criaram incentivos. No
Harlem, em Nova York, o governo federal deu crédito de até US$
3 mil, a juros baixos, para cada
novo emprego. Já na região de Times Square, escritórios tiveram
desconto de até 40% no aluguel
para se mudar para o local.
O problema em quase todos os
casos de revitalização é que as
áreas acabam se valorizando demais. Somente no SoHo, os aluguéis comerciais subiram 170%
entre 2000 e 2001. Moradores de
baixa renda foram obrigados a se
mudar porque não houve programas sociais.
Recife
Atualmente, a capital pernambucana está tentando manter os
moradores no bairro conhecido
como Recife Antigo. Desde 1993,
grande parte da área virou pólo
turístico. Os investimentos estimados até o ano que vem são de
R$ 109 milhões.
A prefeitura de Recife lançou
um programa para a Comunidade Nossa Senhora do Pilar, onde
463 famílias vivem em cortiços. A
partir de 2003, além da reforma de
uma igreja, vão ser construídas
casas, escola e mercado, com recursos do Estado e da prefeitura.
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