São Paulo, sexta-feira, 05 de junho de 2009

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Brasileiro culpa madeireiro e fazendeiro por desmate

População também responsabiliza governo e Congresso pela devastação da Amazônia

DA REDAÇÃO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

Madeireiros e fazendeiros são apontados pelos brasileiros como os maiores responsáveis pelo desmatamento da Amazônia, à frente dos políticos.
Questionamento inédito feito pelo Datafolha mostra que uma parcela próxima a 7 em cada 10 pessoas acredita que os dois grupos têm muita responsabilidade pela devastação da floresta -sendo que os madeireiros apresentam imagem um pouco pior que os fazendeiros.
Madeireiros e agricultores, por sua vez, culpam imprensa e ONGs pelo que chamam de "imagem distorcida" do setor.
"A população não é suficientemente informada para fazer a conexão entre a conversão de novas áreas e a necessidade de produzir alimentos", diz Ricardo Arioli Silva, presidente da comissão de Meio Ambiente da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de MT).
Na Amazônia, a maior parte das áreas novas abertas se destina à formação de pastagem para gado. A conversão da floresta diretamente em área de cultivo de soja é menos comum.
"O madeireiro é contra o desmatamento, até por questão de sobrevivência da atividade. Há muita coisa errada, mas essa imagem negativa foi construída", afirma Lindomar Dela Justina, presidente do Simenorte (Sindicato dos Madeireiros do Extremo Norte de MT).
No caso de Mato Grosso, diz o sindicato, 70% do setor madeireiro é formado por empresas de pequeno porte, com menos de 20 funcionários. As grandes, com mais de 200 funcionários, representam menos de 15% do total.
A pesquisa do Datafolha põe governo e Congresso no segundo pelotão no ranking dos culpados aos olhos da população, responsabilizados em proporção só ligeiramente menor que os primeiros (6 em cada 10).
"A atribuição de responsabilidade ao governo é alta mesmo entre os que aprovam Lula", afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.
A atuação do governo em relação ao meio ambiente é aprovada por 47% -inferior à avaliação positiva nas áreas econômica (63%) e social (62%).
O Datafolha pediu ainda a opinião sobre o papel de ONGs e índios no desmate, e ambos apareceram mais atrás na escala de responsabilidade, com 4 em 10 menções. Não é um número baixo, diz Paulino: "Ter mais de um terço dos brasileiros atribuindo responsabilidade a eles significa uma irrestrita desconfiança da população".


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