São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

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É reciclado mas nem por isso é tosco

Projeto na periferia de SP gera empregos ao reaproveitar posters velhos de filmes para criar peças com design original

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Antônio Hermes de Souza é nordestino, ex-presidiário, ex-drogado, soropositivo, pobre e favelado.
Ele teve de se reciclar para sobreviver aos inúmeros preconceitos que sofreu. E encontrou na arte (e em materiais reutilizáveis) a melhor forma para se reinventar.
O "reciclado" Souza, como ele se autodefine, é a mente criativa por trás do Filó Cabruêra, que capacita e qualifica profissionais de corte e costura para transformar banners antigos em bolsas.
O Filó é um projeto da NUA (Nova União da Arte), que há dez anos cria e coordena ações em comunidade carente na periferia de São Paulo.
A iniciativa uniu os princípios da reciclagem e da arte para promover o resgate social, a geração de empregos e a criação da bem-sucedida linha Eco Design Urbano.
"O produto possui uma série de valores: belo, prático e envolve responsabilidade social e ambiental", diz Souza.
As bolsas, antes mesmo de ficarem prontas, já têm compradores: as próprias doadoras dos materiais. As empresas acabam dando um fim ecológico aos banners que antes iriam para o lixo e ainda contribuem com a manutenção de projetos sociais.
A ideia de produzir as bolsas surgiu por acaso. A NUA faria as bolsas para a Mostra Internacional de Cinema de 2007 e, em uma reunião com os organizadores, Souza lançou a proposta de usar os banners dos filmes.
Desde então, os acessórios figuraram nas mostras seguintes, e a NUA firmou parcerias com outras empresas. "Quando você descaracteriza a propaganda contida no banner, o resultado é bem interessante", conta Souza.
O preço vai de R$ 5 a R$ 50, dependendo do modelo, que pode ser uma nécessaire ou uma mala de viagem.
Para Souza, o uso dos banners é uma forma de a NUA se autossustentar, gastando pouco com matéria-prima e revertendo o lucro para pagar as costureiras e investir em novos projetos.
"Não queremos doação de dinheiro, mas a participação ativa das empresas em um projeto sério e duradouro", diz Souza. (MANUELA MINNS)


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