São Paulo, domingo, 05 de junho de 2011

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ENTREVISTA

Sustentabilidade até no sexo?

DENISE MOTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Jornalista, escritora e esperta, a norte-americana Stefanie Iris Weiss está propondo uma outra "revolução sexual" em seu livro "Eco-Sex: Go Green Between the Sheets and Make Your Love Life Sustainable" (algo como Eco-Sex: fique verde entre os lençóis e torne sua vida amorosa sustentável).
A obra traz informações bem pragmáticas, que vão desde como escolher brinquedos eróticos ecologicamente corretos até uma lista de cidades onde encontrar ecologistas solteiros.
A autora de "trinta e poucos" anos conta que decidiu não ter filhos para ajudar a conter a superpopulação planetária. Sua contribuição será adotar uma criança no futuro, diz. De sua casa em Nova York, ela tentou convencer a reportagem da Folha de que é possível e importante ser sexualmente ecológico.

 

Folha - Por que um livro sobre sexo sustentável?
Stefanie Iris Weiss -
Há alguns anos comecei a notar que meus amigos faziam tudo certo: eles reciclavam lixo, seguiam uma dieta vegana, usavam menos o carro e mais a bicicleta. Mas suas vidas sexuais não entravam nessa equação. Quando os assuntos eram lubrificantes e brinquedos eróticos, ou simplesmente encontrar namorados com ideias parecidas com as deles, eles não pensavam verde.
Para mim, o sexo faz parte da vida da mesma forma que comer, dormir ou trabalhar. Pensei: como ajudar a acabar com essa apatia que algumas pessoas têm em relação à ecologia? Com sexo, lógico! Se falando de aquecimento global eu não consigo que mais pessoas pensem em sustentabilidade, talvez eu consiga falando de sexo.

Qual é o maior erro sexual da humanidade, hoje, falando em termos ecológicos?
Ter filhos indesejados. A superpopulação é o problema número um no planeta, porque simplesmente não há recursos suficientes para todos. Então, antes de continuar com isso, pense se você está financeira e emocionalmente preparado para ter filhos, ou não os tenha. Tudo bem se você não quiser tê-los, isso não faz de alguém uma má pessoa.

Você decidiu não ter filhos para ajudar na preservação do planeta. Há quem considere uma decisão radical.
Não acho radical, é totalmente lógico. Sei que meu coração é grande o suficiente para amar uma criança que não foi gerada em meu útero. O que é radical são as estatísticas sobre superpopulação e superconsumo. A ONU diz que em 2050 seremos 9 bilhões de pessoas.
Mudar a maneira de usar a energia é um dever, mas isso não irá nos salvar. Se nos próximos dez anos algumas pessoas no Ocidente decidirem ter um filho a menos por família, haverá um grande impacto. Se você quiser amar uma criança e tiver lugar em sua casa, para além de dinheiro, tempo e paciência suficientes, considere criar as que são órfãs ou as que estão abandonadas.


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