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Cemitério de objetos
A CAÇAMBA DO CAMINHÃO DE LIXO NÃO É O RECIPIENTE IDEAL PARA DESCARTAR CELULAR, EXAMES DE RAIO-X E LÂMPADAS FLUORESCENTES
ROSANA FARIA DE FREITAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
De um ano para o outro, o
seu computador fica obsoleto. O celular passa de item cobiçado a peça pré-histórica
em questão de meses. Imagine se esses produtos, e mais
baterias de carro, exames de
raio-X e lâmpadas fluorescentes fossem dispensados
como entulho comum.
As baterias de carro contêm chumbo, que gera problemas ao sistema nervoso,
enfraquece os ossos, causa
anemia. Essas substâncias
tóxicas podem se instalar em
seu corpo de forma simples:
uma vez despejadas no solo,
têm suas matérias-primas
decompostas, são ingeridas
por vermes e minhocas e, em
contato com o lençol freático,
entram na cadeia alimentar
por meio das plantas. Como
você é o último componente
desse ciclo, consome as
substâncias absorvidas ao
longo do processo.
As lâmpadas fluorescentes contêm vidro e metal, e
são compostas por fósforo e
mercúrio. O fósforo favorece
o surgimento de câncer e provoca lesões nos rins e no fígado; o mercúrio, se inalado,
pode causar dor de cabeça,
febre, fraqueza muscular. A
esses "poluidores" se unem
outros, como computador e
pneu, todos com componentes tóxicos na composição.
O Brasil é o país que mais
descarta computadores pessoais per capita -0,5 kg por
habitante-, segundo dados
da Organização das Nações
Unidas (ONU). Na China é de
0,2 kg por pessoa.
O número dessas máquinas vendidas no país sobe
15% a 20% ao ano: em 2010,
atingiu 13,3 milhões, de acordo com a consultoria IT Data.
No mundo todo, são geradas 40 milhões de toneladas
de resíduos eletrônicos
anualmente, sendo que apenas 10% passam por reciclagem de forma apropriada.
O trabalho de desmontagem e o reaproveitamento é
pouco conhecido por aqui,
segundo o Cedir (Centro de
Descarte e Reuso de Resíduos de Informática da USP.
REAPROVEITAMENTO
Para entender a importância de dar destino certo ao velho aparelho de TV ou ao
computador, é preciso se dar
conta de que quase 50% dos
eletroeletrônicos é composto
de plástico e ferro, insumos
largamente aproveitáveis. O
chumbo volta à ativa como
matéria-prima. O vidro das
telas gera cerâmica vitrificada, empregada em pisos.
Grande parte do asfalto
vem dos pneus que são dispensados adequadamente.
Embora a valorização energética -em caldeiras de indústrias, por exemplo- seja
o principal destino, boa parte
deles é utilizada para fazer
asfalto ecológico, piso de
quadras poliesportivas e artefatos de borracha, como tapetes e sapatos.
Segundo a Reciclanip, entidade responsável pela coleta de pneus e ligada à Anip
(Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), em
2010 o Brasil reciclou mais de
300 mil toneladas de pneus,
equivalente a quase 62 milhões de unidades de carros.
ONDE DESCARTAR
Jogar o lixo no lugar certo
ajuda a sustentabilidade do
planeta porque significa economia e aproveitamento de
matéria-prima. Por isso, alguns países fazem recomendações oficiais para o descarte correto do produto.
No Brasil, uma iniciativa
desse tipo seria de grande valia, porque só em São Paulo o
volume mensal de compra de
óleo é de mais de 20 milhões
de litros, segundo pesquisa
da Nielsen. Aqui, algumas
empresas e hospitais fazem a
coleta daquilo que já não serve mais para você.
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