São Paulo, domingo, 05 de junho de 2011

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Um perfil para cada produto

CONSUMIDORES VERDES SE DIVIDEM EM TRADICIONALISTAS, PÓS-MATERIALISTAS E PRIVILEGIADOS, DIZ PESQUISA

MARCO VARELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na economia verde, transformar ideias em realidade depende do que pensam os consumidores sobre o tema.
Uma pesquisa da UFPR (Universidade Federal do Paraná) dá um passo nesse sentido ao traçar cinco perfis distintos de consumidores e de sua possível relação com produtos sustentáveis.
"No conjunto, aparece uma variada gama de perfis de consumidores e, para cada um deles, há a necessidade de apresentação da sustentabilidade de maneira diferente", afirma o pesquisador Aguinaldo dos Santos, um dos autores do estudo.
Resumos dos perfis estão no quadro nesta página, indo de tradicionalistas a pós-materialistas, passando pelos privilegiados antenados.
Os tradicionalistas, focados na família, por exemplo, são o alvo ideal para projetos de casas sustentáveis e alimentos orgânicos.
Já os privilegiados antenados provavelmente vão adorar eletrônicos de última geração com sistemas energéticos inteligentes. Até os grupos aparentemente menos promissores, os indiferentes e aspirantes a materialistas, certamente vão se interessar por boas soluções de transporte público.
Levantar essa lista de arquétipos consumidores ajuda a direcionar certos produtos ou serviços ambientalmente conscientes para o grupo certo de pessoas, dizem os pesquisadores.

REJEIÇÃO
Para eles, os sistemas, mercadorias e serviços mais sustentáveis oferecidos no Brasil não contemplam as especificidades desses grupos, o que contribui com a rejeição total do conceito verde pelo consumidor.
O levantamento ouviu 296 pessoas em Curitiba. As perguntas envolviam tópicos como qualidade da moradia, frequência de consumo, atitudes, preferências e aspirações de aquisição.
A pesquisa é fruto de uma parceria entre pesquisadores brasileiros e alemães da Universidade Técnica de Berlim. Foi publicada em número especial sobre consumo sustentável da revista especializada no tema, "Journal of Consumption".
O trabalho de Curitiba é só o começo, afirma o grupo.
"Atualmente, estamos realizando pesquisa nacional sobre o tema, sob o patrocínio da Finep [Financiadora de Estudos e Projetos], envolvendo 11 universidades", diz o pesquisador da UFPR.

PESQUISA
Assim como o estudo sobre os perfis, pesquisas acadêmicas sobre o consumo sustentável se ampliam no Brasil e no mundo.
Só em 2010, o aumento em volume e diversidade em publicações sobre o tema se refletiu em edições especiais de revistas científicas.
Entre os trabalhos, o "Journal of Consumer Behavior" lançou um número sobre sustentabilidade via anticonsumo e o "Journal of Macromarketing" publicou um especial em junho com o tema "Enfrentando o desafio da sustentabilidade num mundo de mudanças".


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