São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006

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ADAPTAÇÃO CORPORATIVA

Diversidade acompanha executivo no escritório

Aceitar os costumes é essencial para ser aceito e atingir metas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Engana-se quem pensa que diferenças culturais entre países afetam o expatriado só da porta da empresa para fora. A diversidade também se reflete no interior dela, revelando outros costumes e códigos.
É verdade que os ambientes de negócios podem ser semelhantes na matriz e na subsidiária. "A ação comum neutraliza algumas diferenças. Metas e resultados pautam ações", diz Lívia Barbosa, professora da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e co-autora do estudo "Gerenciamento Intercultural".
Mas, na hora de levar as metas a cabo, diferenças cotidianas, como obediência a horários e nível de proatividade, podem minar o processo.
Segundo Barbosa, norte-americanos gostam de tomar iniciativa. Já os brasileiros, na visão dos ianques, não. "Eles acham que esperamos o comando. Não querem saber qual é o problema, e sim a solução."
Já os ingleses diferem dos brasileiros na pontualidade. A professora Irene Miura, da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP em Ribeirão Preto, comparou, em sua tese de doutorado, executivos expatriados brasileiros e ingleses.
"Sob o olhar do inglês, o brasileiro tem valores culturais opostos, o que pode causar conflitos. Se a reunião está marcada para as 8h, o brasileiro acha que tem 15 minutos regulamentares para atrasar", brinca.
Por outro lado, diz Miura, a informalidade do brasileiro "quebra o gelo" e é agradável.

Flexibilidade em alta
Cada país cultiva um tipo de relacionamento no trabalho. Para o diretor do Escritório Comercial de Cingapura para a América Latina, Yeow Ming Ter, latino-americanos valorizam a comunicação verbal. "É crucial para a cultura do local de trabalho", analisa.
Já asiáticos, diz Ter, tendem a ser mais orientados para obtenção de resultados e têm hierarquias e estruturas mais pronunciadas. "Talvez devido ao ambiente de trabalho amigável, latino-americanos sejam criativos, dinâmicos e, em geral, tenham mais equilíbrio entre trabalho e vida", avalia o cingapuriano, que trabalha no Brasil.
O brasileiro tem seus "diferenciais competitivos", como a flexibilidade, valorizada por norte-americanos, franceses e ingleses, segundo a professora Betania Tanure, da Fundação Dom Cabral. "Mas, se levada ao extremo, faz o executivo parecer indisciplinado, aquele que deixa para a última hora, mistura pessoal com profissional."
Para se dar bem no novo ambiente de trabalho, a chave é aceitar os costumes dos outros colegas. Como o que ocorre na empresa é pautado pela cultura do país, diz Miura, é preciso encarnar o que o outro pensa.
Quando o japonês faz uma reverência com o corpo, está mostrando respeito pelo outro, e isso deve ser reconhecido como importante. "É possível desenvolver competências interculturais", resume Miura. (MI)


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