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ADAPTAÇÃO CORPORATIVA
Diversidade acompanha executivo no escritório
Aceitar os costumes é essencial para ser aceito e atingir metas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Engana-se quem pensa que
diferenças culturais entre países afetam o expatriado só da
porta da empresa para fora. A
diversidade também se reflete
no interior dela, revelando outros costumes e códigos.
É verdade que os ambientes
de negócios podem ser semelhantes na matriz e na subsidiária. "A ação comum neutraliza
algumas diferenças. Metas e resultados pautam ações", diz Lívia Barbosa, professora da
ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e co-autora do estudo "Gerenciamento Intercultural".
Mas, na hora de levar as metas a cabo, diferenças cotidianas, como obediência a horários e nível de proatividade, podem minar o processo.
Segundo Barbosa, norte-americanos gostam de tomar
iniciativa. Já os brasileiros, na
visão dos ianques, não. "Eles
acham que esperamos o comando. Não querem saber qual
é o problema, e sim a solução."
Já os ingleses diferem dos
brasileiros na pontualidade. A
professora Irene Miura, da
FEA (Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade) da USP em Ribeirão Preto,
comparou, em sua tese de doutorado, executivos expatriados
brasileiros e ingleses.
"Sob o olhar do inglês, o brasileiro tem valores culturais
opostos, o que pode causar conflitos. Se a reunião está marcada para as 8h, o brasileiro acha
que tem 15 minutos regulamentares para atrasar", brinca.
Por outro lado, diz Miura, a
informalidade do brasileiro
"quebra o gelo" e é agradável.
Flexibilidade em alta
Cada país cultiva um tipo de
relacionamento no trabalho.
Para o diretor do Escritório Comercial de Cingapura para a
América Latina, Yeow Ming
Ter, latino-americanos valorizam a comunicação verbal. "É
crucial para a cultura do local
de trabalho", analisa.
Já asiáticos, diz Ter, tendem
a ser mais orientados para obtenção de resultados e têm hierarquias e estruturas mais pronunciadas. "Talvez devido ao
ambiente de trabalho amigável,
latino-americanos sejam criativos, dinâmicos e, em geral, tenham mais equilíbrio entre trabalho e vida", avalia o cingapuriano, que trabalha no Brasil.
O brasileiro tem seus "diferenciais competitivos", como a
flexibilidade, valorizada por
norte-americanos, franceses e
ingleses, segundo a professora
Betania Tanure, da Fundação
Dom Cabral. "Mas, se levada ao
extremo, faz o executivo parecer indisciplinado, aquele que
deixa para a última hora, mistura pessoal com profissional."
Para se dar bem no novo ambiente de trabalho, a chave é
aceitar os costumes dos outros
colegas. Como o que ocorre na
empresa é pautado pela cultura
do país, diz Miura, é preciso encarnar o que o outro pensa.
Quando o japonês faz uma
reverência com o corpo, está
mostrando respeito pelo outro,
e isso deve ser reconhecido como importante. "É possível desenvolver competências interculturais", resume Miura.
(MI)
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