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EUA debatem
privacidade,
ética e uso do
teste genético
da Sucursal de Brasília
Embora a cura pela terapia genética esteja longe de se tornar realidade, os efeitos das descobertas
feitas até o momento vêm colocando dilemas éticos e morais à
sociedade que ainda estão longe de
serem resolvidos.
A realização dos testes genéticos
-que revelam a predisposição
que o indivíduo tem de desenvolver determinadas doenças- é o
principal foco de controvérsia.
Nos EUA, onde o uso dos testes é
mais difundido, legisladores e
cientistas vêm travando uma batalha de argumentos para decidir
quem tem o direito de conhecer o
resultado dos testes.
Só no ano passado, deputados
estaduais apresentaram 153 projetos de lei sobre privacidade genética. Até o momento, 26 dos 51 Estados já adotaram leis rígidas que
garantem o direito à privacidade.
O principal objetivo das leis é
proibir que seguradoras de saúde e
empregadores exijam que segurados e funcionários sejam submetidos a testes genéticos.
A enxurrada de leis é consequência de centenas de denúncias de
uso indevido dos testes por empresas e companhias seguradoras.
Pesquisa feita em 1997 pela American Management Association
concluiu que 1 em cada 20 empresas norte-americanas realizam testes genéticos em seus funcionários
para descobrir os que têm chances
de desenvolver doenças crônicas.
Para o professor de direito Mark
Rothstein, especialista em discriminação genética, "esse número é
extraordinariamente alto".
Em um dos casos mais rumorosos, o Laboratório Lawrence Berkeley, da Califórnia, foi processado por funcionários, que descobriram que o laboratório havia
testado em segredo o sangue dos
empregados negros para detectar
quantos eram portadores de anemia falciforme.
Em uma decisão controversa, a
Justiça determinou que a realização do teste em segredo não constituía invasão de privacidade, uma
vez que a empresa não havia tomado nenhuma medida que prejudicasse os empregados.
Discriminação
Os casos de discriminação por
parte das seguradoras de saúde
são ainda mais comuns. Estudo da
Universidade Georgetown (de
Washington) feito em 96 revelou
que 22% dos portadores de doenças hereditárias já haviam sido
discriminados pelas companhias.
O principal problema do uso indiscriminado dos testes genéticos
é que eles não dão garantia alguma, apenas revelam uma predisposição dos indivíduos a desenvolver a doença. "Como não há
como prever em quais portadores
dos genes defeituosos a doença se
manifestará, a discriminação genética é ainda mais injusta", afirma Rothstein.
As seguradoras argumentam
que devem ter direito a conhecer
os resultados dos testes genéticos
porque eles são armas poderosas
nas mãos dos indivíduos.
Isso porque, caso os testes indiquem predisposição a desenvolver
câncer ou alguma outra doença fatal e se só o segurado tiver acesso
aos resultados, ele poderá usar essa informação em benefício próprio -optando por um seguro
saúde completo ou fazendo seguro
de vida com prêmio alto, já que
tem mais chances de morrer cedo.
(DANIELA FALCÃO)
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