São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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FUTURO

Tendências mais importantes independem de crises políticas

Turbulência política revela urgência de planejamento

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A característica de mudança constante dos cenários político e econômico brasileiros produziu paradigmas mutantes que dificultaram o planejamento a longo prazo e treinaram pessoas para "apagar incêndios". Agora, chegou a hora de olhar para o futuro, dizem os especialistas.
"A mudança acelerada habilita o executivo a enfrentar mudanças e a prosperar na turbulência", pondera James Wright, coordenador do Profuturo (Programa de Estudos do Futuro da Fundação Instituto de Administração). "Mas não pode ser só "jeitinho". Flexibilidade e competência são fundamentais", completa.
Mesmo em um país com abalos políticos como o Brasil é possível se planejar para o futuro. O primeiro passo é monitorar o cenário atual e trabalhar com várias alternativas. As tendências mais importantes são aquelas que não se afetam pela política, como aumento da aquisição de bens de consumo, aumento das mulheres na força de trabalho ou envelhecimento da população, diz Wright.

Presente e futuro
O planejamento, ainda que olhe para o futuro, deve ser revisto e alterado no presente. A ALL (América Latina Logística), por exemplo, faz um plano estratégico para até cinco anos. "Mas fazemos orçamentos anuais e a gestão é feita com reuniões mensais de planejamento e no acompanhamento diário de cada área", conta Sergio Pedrero, diretor financeiro e de relações com investidores.
A empresa procura ousar, mas com cautela. "Como o ambiente é instável, é preciso ser conservador com custos. É preciso manter a flexibilidade com estrutura de capital sólida e poucas dívidas a longo prazo", diz Pedrero.
Para Marilson Gonçalves, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), a atitude da empresa deve estimular a assumir riscos e a compartilhá-los. "Se punirem aquele que erra, haverá medo de arriscar. Trabalhar em equipe requer administração madura."
A expressão-chave, nesse ambiente peculiar, é "resiliência estratégica", ou a capacidade de voltar ao estado original após uma deformação. "Não é só lidar com uma crise, mas se antecipar e, com isso, poder fazer ajustes rapidamente," diz Luiz Vieira, professor do Ibmec São Paulo e sócio e vice-presidente da Booz Allen Hamilton do Brasil.
Segundo Vieira, é preciso começar a gerenciar riscos além dos financeiros, considerando o que determina valor para a empresa: crescimento, inovação, marca, governança corporativa e comunicação. E, a partir disso, inovar no futuro. "Essa é a ótica mais moderna: desenvolver cenários levando em conta as crises, de modo que possamos incorporá-las com o máximo de antecedência. Quando o cenário mudar, podemos já ter a estratégia." (MI)

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