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FUTURO
Tendências mais importantes independem de crises políticas
Turbulência política revela urgência de planejamento
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A característica de mudança
constante dos cenários político e
econômico brasileiros produziu
paradigmas mutantes que dificultaram o planejamento a longo
prazo e treinaram pessoas para
"apagar incêndios". Agora, chegou a hora de olhar para o futuro,
dizem os especialistas.
"A mudança acelerada habilita
o executivo a enfrentar mudanças
e a prosperar na turbulência",
pondera James Wright, coordenador do Profuturo (Programa de
Estudos do Futuro da Fundação
Instituto de Administração).
"Mas não pode ser só "jeitinho".
Flexibilidade e competência são
fundamentais", completa.
Mesmo em um país com abalos
políticos como o Brasil é possível
se planejar para o futuro. O primeiro passo é monitorar o cenário atual e trabalhar com várias alternativas. As tendências mais
importantes são aquelas que não
se afetam pela política, como aumento da aquisição de bens de
consumo, aumento das mulheres
na força de trabalho ou envelhecimento da população, diz Wright.
Presente e futuro
O planejamento, ainda que olhe
para o futuro, deve ser revisto e alterado no presente. A ALL (América Latina Logística), por exemplo, faz um plano estratégico para
até cinco anos. "Mas fazemos orçamentos anuais e a gestão é feita
com reuniões mensais de planejamento e no acompanhamento
diário de cada área", conta Sergio
Pedrero, diretor financeiro e de
relações com investidores.
A empresa procura ousar, mas
com cautela. "Como o ambiente é
instável, é preciso ser conservador
com custos. É preciso manter a
flexibilidade com estrutura de capital sólida e poucas dívidas a longo prazo", diz Pedrero.
Para Marilson Gonçalves, professor da FEA-USP (Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São
Paulo), a atitude da empresa deve
estimular a assumir riscos e a
compartilhá-los. "Se punirem
aquele que erra, haverá medo de
arriscar. Trabalhar em equipe requer administração madura."
A expressão-chave, nesse ambiente peculiar, é "resiliência estratégica", ou a capacidade de voltar ao estado original após uma
deformação. "Não é só lidar com
uma crise, mas se antecipar e,
com isso, poder fazer ajustes rapidamente," diz Luiz Vieira, professor do Ibmec São Paulo e sócio e
vice-presidente da Booz Allen Hamilton do Brasil.
Segundo Vieira, é preciso começar a gerenciar riscos além dos financeiros, considerando o que
determina valor para a empresa:
crescimento, inovação, marca,
governança corporativa e comunicação. E, a partir disso, inovar
no futuro. "Essa é a ótica mais
moderna: desenvolver cenários
levando em conta as crises, de
modo que possamos incorporá-las com o máximo de antecedência. Quando o cenário mudar, podemos já ter a estratégia." (MI)
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