São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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CAMINHO SE FAZ AO CAMINHAR

Moradores enfrentam ruas de terra

Falta de asfalto e calçadas ruins são principal problema; deficientes sofrem para se deslocar

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O asfaltamento é a principal reclamação do extremo sul, com 16% das queixas -a porcentagem é três vezes maior em Marsilac (49%) e em Parelheiros (47%). Os dois distritos, pertencentes à Subprefeitura de Parelheiros, têm 500 km de ruas de terra -número quase quatro vezes maior do que o de vias pavimentadas (130 km), segundo o órgão. De acordo com o subprefeito Walter Tesch, o motivo do déficit é a grande presença de áreas irregulares. "Não podemos asfaltar ruas irregulares, ruas rurais de terra", diz. Segundo ele, das 871 ruas, avenidas, travessas e vielas da área da subprefeitura, 531 são irregulares, ou seja, não são consideradas oficiais pelo poder público. A maioria fica em área de proteção de mananciais. E, das 340 vias regularizadas, apenas pouco mais da metade (180) é asfaltada. Onde há pavimentação, a falta de calçada passa a ser o problema, como na estrada Engenheiro Marsilac, que está sendo recapeda pela prefeitura. Por causa dos buracos, a cadeirante Narcisa Borja, 78, moradora de Parelheiros, precisa transitar pela pista de carros cada vez que vai à fisioterapia.

Deficientes
Grajaú e Marsilac tiveram a pior nota da cidade para acessibilidade de deficientes físicos: 1. A média da região (1,9) é a mais baixa da cidade (2,4). O problema se combina com outros dois: falta de pavimentação e calçadas malconservadas. Durante três meses, a ajudante de limpeza desempregada Maria Ilda Sicílio saiu de sua casa, em Marsilac, para a Vila Clementino (zona sul), onde o filho Gabriel fazia fisioterapia. Ele tem paralisia cerebral desde que nasceu, há 11 anos, e não move o corpo nem fala nem vê -apenas escuta. Para ir de carro, o que dura uma hora e quarenta minutos, ela dependia do veículo de parentes. O Atende -programa da Prefeitura de São Paulo que busca deficientes físicos em casa para levar a compromissos médicos ou à escola, no qual Maria Ilda inscreveu o filho há três anos- recusou-se, de acordo com ela, a atender Gabriel porque a rua em que eles moram é de difícil acesso, já que não tem asfalto. O Atende diz que não deixa de buscar pessoas que moram onde não há asfalto, mas não soube explicar o motivo da recusa. Por falta de um transporte regular para levá-lo ao médico, há 20 dias, Gabriel teve de ser internado em uma clínica, pois seus membros atrofiaram.


Colaborou JOÃO PEQUENO

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