São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Arquitetura

Arquiteto precisa 'se alimentar de outras coisas'

Ampliar os horizontes é um dos segredos, diz Eduardo de Almeida

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em cima da garagem, com alguns amigos, elaborando projeto para os parentes. É assim que Eduardo de Almeida, 73, diz ter começado na profissão.
"É como todo mundo começa", afirma o arquiteto que arrematou o prêmio da 4ª Bienal de Arquitetura de São Paulo e que, atualmente, se ocupa da construção da Biblioteca Guita e José Mindlin, na USP.
Eram cinco sócios em 1957. A maioria ainda estudava na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP) e todos tinham em comuma vontade de fazer arquitetura. "Como eram várias pessoas, sempre tinha algum amigo ou parente querendo fazer uma reforma ou coisa parecida", conta Almeida.
"Havia uma certa dose de heroísmo, uma impressão de que tudo iria dar certo e ser uma maravilha. Na prática, não ocorre exatamente assim, mas tudo acaba dando certo", diz.
E com os pequenos trabalhos servindo de vitrine, o grupo começou a elaborarmais projetos e ficou junto cerca de dez anos.
Quando iniciou a carreira solo, em 1969, Eduardo de Almeida já era professor da FAU, tarefa que desempenhou por 30 anos e à qual atribui boa parte de seu sucesso, cuja existência, no entanto, ele põe em dúvida: "Prestígio eu acho que não tenho, e se tenho, não deveria. Mas eu me saí relativamente bem com meus alunos", afirma.
Para o arquiteto, que está aposentado como professor há dez anos, o estímulo da sala de aula e os projetos de arquitetura se alimentaram mutuamentedurante a carreira.
"Na aula você é obrigado a se posicionar criticamente sobre o que faz, o que é muito importante porque você tem de se atualizar e estudar sempre", diz Almeida, que afirma nunca ter parado de estudar e de semanter atualizado sobre o que está acontecendo no mundo da arquitetura e das artes.
Segundo ele, o arquiteto tem de estar sempre atento ao que ocorre para poder ir no caminho inverso, fugir dos modismos e das tendências. "Não adianta se trancar no escritório e esperar. Tem de viajar, dar aula, ler, se alimentar de outras coisas, buscar compreender mais sobre a formação do mundo", afirma.
Amor pela prancheta Como qualidade necessária para a prática da arquitetura, Almeida cita em primeiro lugar a paixão pelo trabalho. Avesso a fórmulas, diz que nunca planejou a carreira e que cada um deve seguir o próprio caminho. Reconhece que hoje o arquiteto tem um campo mais amplo, mas avisa logo que a vida não é tão fácil e glamourosa quanto pode parecer nas revistas especializadas.
'Depois de 50 anos de profissão, tenho as mesmas ansiedades e preocupações de sempre, o que não é uma coisa boa para a minha idade", diz. (TOMÁS CHIAVERINI)


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