São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

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Chicago - 1959

Nos EUA, delegação à consagração de Adhemar Ferreira da Silva, tricampeão do salto triplo, à revelação de Gérson, futuro campeão do mundo em 1970, e sofre com assassinato de remador

DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira vez que o Rio de Janeiro tentou abrigar um Pan foi na edição de 1959. Mas a candidatura brasileira não obteve apoio suficiente e perdeu a concorrência para Cleveland.
A cidade desistiu depois de não conseguir suporte financeiro do governo dos EUA de US$ 5 milhões (cerca de R$ 11 milhões) -valor irrisório para os padrões atuais.
Foram consultados então Rio de Janeiro e Cidade da Guatemala. Nenhuma das duas mostrou ter condições econômicas de promover a disputa. Chicago se ofereceu para ser a sede e solucionou o problema.
E foi na cidade conhecida por seus gângsteres que um brasileiro acabou assassinado.
Certa manhã, policiais encontraram o corpo do remador Ronaldo Duncan Arantes, tio do futuro nadador Rômulo Arantes, alvejado por tiros.
A polícia tentou encobrir o caso, divulgando a versão de suicídio. Pouco depois, aventou-se a hipótese de que ele se envolvera com uma gangue especializada na venda de armas.
Depois, surgiu o rumor de que o atleta teria um caso com a mulher de outro membro da delegação brasileira. O crime nunca foi esclarecido.
O remo brasileiro conquistou duas medalhas em Chicago: prata no dois sem e bronze no quatro com, prova em que Arantes integraria a equipe.
Já bicampeão olímpico, Adhemar Ferreira da Silva se consagrou nos EUA com o tricampeonato no salto triplo. Foi o primeiro competidor a obter esse feito no atletismo do Pan.
Organizado às pressas, o evento não ficou livre de polêmicas e falhas. Nos 60 m, as atletas rivais denunciaram que Isabelle Daniels havia queimado a largada antes de vencer a prova. Mesmo assim, a americana não foi desclassificada.
Nos 100 m do decatlo, Philip Mulkey marcou 12s01. Após uma hora, foi divulgado 12s. Pouco depois, o resultado foi corrigido para 12s01. O norte-americano ficou com a prata.
O vôlei feminino obteve feito inédito. Ao bater os EUA por 3 a 1, ganhou o primeiro ouro do Brasil em esportes coletivos.
Nem tudo, porém, foi sucesso nas quadras. A seleção masculina de basquete, que meses depois seria campeã mundial, não passou de um bronze.
No futebol, o Brasil teve que engolir o tricampeonato da Argentina. Até hoje é a maior seqüência de triunfos da modalidade no Pan. Os argentinos ficaram com o título ao empatar com a seleção nacional em 1 a 1.
Os brasileiros ao menos viram a revelação de um habilidoso meia do Flamengo. Onze anos depois, Gérson se consagraria tri mundial no México.
Nas piscinas, o destaque foi Christine von Saltza, que acumulou cinco ouros: 100 m, 200 m, 400 m, 4 x 100 m livre e 4 x 100 m medley. Na Olimpíada de Roma, no ano seguinte, a norte-americana conquistaria mais três ouros e uma prata.


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