São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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RELIGIÃO

Meios de comunicação de massa são o principal instrumento usado por evangélicos para expandir suas fronteiras

Pentecostais mostram sua força

DA SUCURSAL DO RIO

A busca de fiéis levou os evangélicos para as regiões Centro-Oeste e Norte -que têm, hoje, as maiores proporções de evangélicos, respectivamente 19,1% e 18,3% de suas populações.
A expansão é marcada pela força das igrejas pentecostais -que valorizam os dons do Espírito Santo e têm cultos caracterizados por expressões de êxtase.
Em 1991, os evangélicos pentecostais eram 8,1 milhões no Brasil. Em 2000, chegaram a 17,6 milhões. São pentecostais, na classificação do IBGE, a Igreja Universal do Reino de Deus e a Assembléia de Deus, entre outras.
A denominação pentecostal diferencia essas igrejas das evangélicas chamadas "de missão" (Luterana, Metodista, Presbiteriana), que aqui estão graças a imigrantes e a missionários estrangeiros.
O avanço evangélico dos últimos anos ocorre dentro daquilo que a antropóloga Regina Novaes chama de terceira onda pentecostal, marcada pelo uso dos meios de comunicação de massa.
A primeira onda foi no começo do século 20, com o surgimento de igrejas como a Congregação Cristã do Brasil (criada em 1910 em São Paulo) e a Assembléia de Deus (criada em 1911 no Pará).
A segunda onda acompanha a industrialização do país, a partir dos anos 50, quando os evangélicos começam a usar os meios de comunicação. Surgem igrejas como O Brasil para Cristo (criada em 1955 em São Paulo).
A terceira onda é a do embate frontal com a Igreja Católica, do aumento da visibilidade evangélica e da consequente disputa do espaço político -sempre usando os meios de comunicação.
Na avaliação da antropóloga Clara Mafra, a busca de novas fronteiras explica o avanço no Norte e no Centro-Oeste (em quase todos os Estados os evangélicos são 20% ou mais da população).
Autora de um estudo sobre esses fiéis em Rondônia, o Estado com maior proporção de evangélicos na população (27,75%), a antropóloga destaca também que, onde eles crescem, aumentam também os sem-religião -o que revela o descontentamento em relação à Igreja Católica, expresso pela troca de religião ou pela entrada no grupo dos sem-religião.
"Os evangélicos tendem a não disputar tanto em lugares onde as estruturas estão mais enrijecidas, como no Nordeste", afirma Clara.


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