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IDENTIDADE ÉTNICA
Pretos e índios crescem no país
DA SUCURSAL DO RIO
Mesmo preliminares, os dados
do censo mostram um crescimento de dois grupos étnicos no
Brasil: os que se classificam como
pretos e como indígenas, num
movimento que pode estar associado ao fortalecimento da identidade dessas populações.
Duplicou a proporção de indígenas, que somam 701 mil pessoas e representam 0,4% dos brasileiros. Em 1991, havia 294 mil indígenas -0,2% da população.
De 1991 a 2000, cresceu 24% a
proporção de brasileiros que se
declaram pretos, segundo a classificação proposta pelo IBGE: de
5% para 6,2%. No mesmo período, a proporção de pardos caiu de
42,6% para 39,1% (queda de
8,2%). O Brasil ainda é, porém,
um país em que a maioria da população se diz branca: a proporção de brancos cresceu de 51,8%
para 53,8% (aumento de 3,8%).
A proporção do grupo amarelo
(constituído pelos asiáticos e seus
descendentes) subiu de 0,4% para
0,5%, mas, como os dados estão
sujeitos a revisão, o IBGE ainda
não tem uma análise para o aumento desse grupo.
Para o IBGE, o aumento de pretos e indígenas pode estar relacionado a um processo de afirmação
de identidade dessas populações,
gerando uma mudança nos padrões de classificação. Ou seja:
parte dos pardos passou a recusar
a classificação, marcando, no
questionário do IBGE, a opção
preto ou indígena.
"O Brasil tem discutido muito a
questão do preconceito racial, a
política de cotas, e isso se reflete
no aumento das declarações de
cor preta. A nossa hipótese é que
parte desses pardos passou a se
assumir como preta ou indígena",
diz Nilza Oliveira Martins Pereira,
demógrafa e estatística do IBGE.
Só em 1991 o IBGE passou a incluir a opção indígena na classificação por cor -outra possibilidade para explicar o aumento
desse grupo.
Para a psicóloga Edna Roland,
presidente da organização de mulheres negras Fala, Preta!, a hipótese mais provável para o aumento dos que se dizem pretos é a reclassificação. Ela lembra, porém, que a soma dos pretos e pardos no
total da população caiu de 47,6%
em 1991 para 45,32% em 2000.
Na análise da psicóloga, isso pode indicar redução mais acelerada
da fecundidade da população
parda -seja pelo acesso aos métodos anticoncepcionais, seja pela
esterilização. O IBGE ainda não
divulgou dados que relacionem
fecundidade e cor.
(FE)
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