São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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IDENTIDADE ÉTNICA

Pretos e índios crescem no país

DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo preliminares, os dados do censo mostram um crescimento de dois grupos étnicos no Brasil: os que se classificam como pretos e como indígenas, num movimento que pode estar associado ao fortalecimento da identidade dessas populações.
Duplicou a proporção de indígenas, que somam 701 mil pessoas e representam 0,4% dos brasileiros. Em 1991, havia 294 mil indígenas -0,2% da população.
De 1991 a 2000, cresceu 24% a proporção de brasileiros que se declaram pretos, segundo a classificação proposta pelo IBGE: de 5% para 6,2%. No mesmo período, a proporção de pardos caiu de 42,6% para 39,1% (queda de 8,2%). O Brasil ainda é, porém, um país em que a maioria da população se diz branca: a proporção de brancos cresceu de 51,8% para 53,8% (aumento de 3,8%).
A proporção do grupo amarelo (constituído pelos asiáticos e seus descendentes) subiu de 0,4% para 0,5%, mas, como os dados estão sujeitos a revisão, o IBGE ainda não tem uma análise para o aumento desse grupo.
Para o IBGE, o aumento de pretos e indígenas pode estar relacionado a um processo de afirmação de identidade dessas populações, gerando uma mudança nos padrões de classificação. Ou seja: parte dos pardos passou a recusar a classificação, marcando, no questionário do IBGE, a opção preto ou indígena.
"O Brasil tem discutido muito a questão do preconceito racial, a política de cotas, e isso se reflete no aumento das declarações de cor preta. A nossa hipótese é que parte desses pardos passou a se assumir como preta ou indígena", diz Nilza Oliveira Martins Pereira, demógrafa e estatística do IBGE.
Só em 1991 o IBGE passou a incluir a opção indígena na classificação por cor -outra possibilidade para explicar o aumento desse grupo.
Para a psicóloga Edna Roland, presidente da organização de mulheres negras Fala, Preta!, a hipótese mais provável para o aumento dos que se dizem pretos é a reclassificação. Ela lembra, porém, que a soma dos pretos e pardos no total da população caiu de 47,6% em 1991 para 45,32% em 2000.
Na análise da psicóloga, isso pode indicar redução mais acelerada da fecundidade da população parda -seja pelo acesso aos métodos anticoncepcionais, seja pela esterilização. O IBGE ainda não divulgou dados que relacionem fecundidade e cor. (FE)



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