São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008

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Eles foram a cara da bossa

DA REPORTAGEM LOCAL

Talvez fosse algo na água, ou era só um daqueles momentos em que tudo parece conspirar a favor. Pois como aceitar que o designer carioca Cesar G. Vil- lela chame de "coincidência" ter criado nas capas de LPs a mais completa tradução visual da bossa nova?
"Hoje, as capas são feitas da noite para o dia. Mas, naquele tempo pré-histórico, levavam até dois meses. Quando eu ia fazer, não sabia nem o repertório. A relação com a simplicidade da bossa foi coincidência. É a inteligência coletiva, que nos envolve sem que a gente saiba", diz ele, 78.
Capas com poucos elementos, fotos em alto-contraste... Esse estilo nasceu da percepção de que havia imagens demais e clareza de menos nas vitrines. Era hora de simplificar.
Isso foi na Odeon, onde ele fez incontáveis capas (como a de "Chega de Saudade"), muitas com seu compadre Chico Pereira (1921-1999), o principal fotógrafo da bossa e que, com seu gravador, também registrava ensaios e shows.
Entre 1962 e 1966, a dupla fez capas para a Elenco, de Aloysio de Oliveira. São tão marcantes, com suas quatro bolinhas vermelhas inspiradas na cabala, que parecem mais numerosas, mas Villela diz ter criado apenas 24. Bastou. (LFV)


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