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Eles foram a cara da bossa
DA REPORTAGEM LOCAL
Talvez fosse algo na
água, ou era só um daqueles momentos em que tudo
parece conspirar a favor.
Pois como aceitar que o designer carioca Cesar G. Vil-
lela chame de "coincidência" ter criado nas capas de
LPs a mais completa tradução visual da bossa nova?
"Hoje, as capas são feitas
da noite para o dia. Mas,
naquele tempo pré-histórico, levavam até dois meses.
Quando eu ia fazer, não sabia nem o repertório. A relação com a simplicidade
da bossa foi coincidência. É
a inteligência coletiva, que
nos envolve sem que a gente saiba", diz ele, 78.
Capas com poucos elementos, fotos em alto-contraste... Esse estilo nasceu
da percepção de que havia
imagens demais e clareza
de menos nas vitrines. Era
hora de simplificar.
Isso foi na Odeon, onde
ele fez incontáveis capas
(como a de "Chega de Saudade"), muitas com seu
compadre Chico Pereira
(1921-1999), o principal fotógrafo da bossa e que, com
seu gravador, também registrava ensaios e shows.
Entre 1962 e 1966, a dupla fez capas para a Elenco,
de Aloysio de Oliveira. São
tão marcantes, com suas
quatro bolinhas vermelhas
inspiradas na cabala, que
parecem mais numerosas,
mas Villela diz ter criado
apenas 24. Bastou.
(LFV)
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