São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011

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PRIVATIZAÇÕES NO HORIZONTE

LUCRO DE AEROPORTOS PRIVATIZADOS VAI CAPITALIZAR A INFRAERO, AFIRMA MINISTRO

SEGUNDO BITTENCOURT, VALOR DAS PASSAGENS NÃO AUMENTARÁ APÓS CONCESSÕES


Alan Marques/Folhapress
Wagner Bittencourt diante da tela de TV em seu gabinete da qual monitora 15 aeroportos

NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

O ministro Wagner Bittencourt assumiu a Secretaria de Aviação Civil com uma missão difícil: resolver o crônico problema da infraestrutura aeroportuária do país.
Um dos caminhos é a concessão de aeroportos ao setor privado. Três estão na mira até dezembro:Guarulhos,Viracopos e Brasília. Segundo ele, a privatização "não aumentará a tarifa" ao usuário.

 

Folha - O Brasil vai conseguir atender às demandas da Copa e da Olimpíada?
Wagner Bittencourt - Certamente. Olimpíada é importante. Copa é importante. Mas nosso foco é atender o dia a dia do usuário. A demanda está crescendo, 12% em média nos últimos oito anos, e precisamos dar conta disso. Estamos cuidando das concessões de Guarulhos,Viracopos e Brasília, e das obras de outros aeroportos.

Como explicar ao usuário que a concessão de três aeroportos a partir do fim do ano vai resolver o problema dele?
Não são só as concessões que vão resolver. Outros investimentos fazem parte do atendimento, mas certamente é importante saber que alguém está fazendo investiment onecessário para entrar no negócio de aeroportos. A Infraero tem 66 aeroportos, mas muitos não são [financeiramente] sustentáveis. Esses recursos [dos três aeroportos] são importantes para arcar com os deficitários.

Como a Infraero será remunerada nas concessões?
Por meio de dividendos. Como o aeroporto crescerá, e vai gerar dividendo, ela terá recurso. Os aeroportos vão dar lucro, e a Infraero terá até 49% desse lucro. Isso servirá para elas e capitalizar.

A Infraero tem dinheiro para ser sócia nesses aeroportos?
Sim, ela tem.

Haverá aumento da tarifa?
Não vai aumentar tarifa. Não vamos aumentar o teto. Como hoje tem taxa de ocupação maior, frota maior, dilui- se o custo fixo de operação. O preço da passagem tem caído ao longo do tempo.

Qual será o prazo médio das concessões?
Temos de analisar caso a caso e ver em quanto tempo se obtém o retorno do investimento. Não faremos prazo para estrangular o investidor, botar a faca no pescoço.

Vinte anos, por exemplo?
Pode ser. Um pouco mais, um pouco menos.

Em quanto tempo os problemas nos aeroportos começarão a ser resolvidos?
Não tem um Cristo que se coloque aqui, estale os dedos e faça acontecer. É muita ponta para amarrar.

Empresa aérea vai poder participar da concessão?
Poderá. É um problema a empresa aérea participar do controle, pois começa a criar competição desleal no aeroporto. A lógica do modelo é não ter monopólio privado.

Um terceiro aeroporto em São Paulo está descartado?
Houve uma proposta do setor privado de utilizar um aeroporto totalmente privado. Em São Paulo, esses aeroportos têm uma proximidade muito grande. Ao colocar um outro no meio, tem que avaliar o impacto para o sistema.

E seria por concessão?
A Anac está avaliando. Há a possibilidade de ter, em vez da concessão, uma autorização, o que envolveria o risco totalmente privado.

A Infraero não perde espaço com esse modelo?
Na minha opinião, ela ganha. Hoje, ela faz todo o investimento sozinha. Ao ser sócia com 49%, e como o setor privado vai investir com 70% de alavancagem no mercado, vai pegar dinheiro financiado, sobra 30%, com metade arcado pelo setor privado e outra metade do setor público. Ou seja, a Infraero fica com 15% do investimento total. Antes, ela investia 100%, agora investirá 15% e terá a metade de retorno.

Será uma etapa para abertura de capital da Infraero?
É interesse do governo, sim. Mas precisamos reestruturar a companhia e ver quais são as alternativas para, daqui a dois ou três anos, ver se é o caso de fazer.

Qual o ganho de melhorar a gestão dos aeroportos?
As companhias aéreas dizem que com melhores práticas pode-se chegar a 30% de aumento de capacidade.

O senhor já teve um dia de cão em aeroporto?
Já. Naquele primeiro apagão eu estava em Brasília. Havia uma confusão danada e não consegui voltar para casa. Ainda bem que minha secretária arrumou um hotel.


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