São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

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Vila Mariana nasceu em um matadouro

DA REPORTAGEM LOCAL

A Vila Mariana foi o local escolhido para abrigar o novo matadouro municipal. O antigo ficava no rio Itororó, que hoje é onde passa a avenida 23 de Maio, e desagüava no rio Anhangabaú, que chegava a ficar vermelho, contaminado por sangue e pedaços de animais, exalando mau cheiro.
Para resolver esses inconvenientes, o novo matadouro foi erguido num lugar afastado do centro. O engenheiro alemão Alberto Kuhlmann, responsável pela obra, aproveitou para construir uma estrada de ferro que ajudasse a transportar os animais até lá.
À estação do matadouro ele deu o nome de Mariana -sua mulher-, que batizou a comunidade. Aberto em 1887, o matadouro no largo Senador Raul Cardoso produzia 14 mil quilos diários de carne bovina para uma população de 70 mil pessoas. Décadas depois, a rotina sanguinolenta virou acervo cinematográfico. O prédio, tombado, foi cedido pela prefeitura para a Cinemateca Brasileira.
O conjunto passou por diversas modificações para que os galpões fossem adaptados para salas de cinema. Uma nova sala foi inaugurada neste ano -pelas laterais abertas onde antes passava o gado, entra luz natural, vedada por cortinas na hora de começar as sessões.

Ipiranga
Os primórdios da zona sul, no entanto, são bem anteriores. O Brasil ainda usava fraldas quando a comunidade do Ipiranga se formou. A primeira menção sobre o bairro é de uma carta de Anchieta, de 1579, que cita uma igreja construída na região por Domingos Luiz.
O português, dono das terras onde o bairro nasceu, é considerado a primeira pessoa de passado honesto a vir povoar São Paulo. Já a fama de Antônio Proença, um dos primeiros moradores do Ipiranga, não era lá muito imaculada. Veio fugido de Portugal acusado de raptar uma freira. Quando morreu, as terras, onde criava gado, foram dividas entre seus familiares.
A oficialização do Ipiranga coincidiu com a independência do país, proclamada em 1822 às margens do rio de mesmo nome. Em comemoração, foram iniciadas em 1883 as obras de um monumento-edifício.
O projeto foi assumido pelos italianos Tommaso Gaudenzio Bezzi, amigo do imperador, e Luigi Pucci, que projetara a Santa Casa naquela mesma época. A parte central do Museu Paulista ficou pronta em 1895 e assim ele continuou até hoje, sem que as alas laterais saíssem do papel. (MB)


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