São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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José Dias

CEPFS (CENTRO DE EDUCAÇÃOPOPULAR E FORMAÇÃO SOCIAL)
www.cepfs.org


Sertão coletivo

Com tecnologias sociais, economista semeia autonomia no interior da PB

PAULA LAGO

ENVIADA ESPECIAL A TEIXEIRA (PB)

A vida nunca foi fácil para José. Na infância, no sertão da Paraíba, passou fome. E traz ainda as marcas de quem sobreviveu a grandes secas.
Começou a trabalhar aos 8 anos, cortando sisal. Na adolescência, perdeu o pai. Depois, passou em engenharia florestal em uma universidade pública e teve de abandonar o curso para trabalhar.
Mas o resiliente José Dias Campos insistiu. Formou-se em economia com ajuda de amigos, que fizeram vaquinha para pagar a matrícula.
De garoto tímido, que sentava nas últimas fileiras, passou a estudante ativo do grêmio e do centro acadêmico. Também presidiu o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teixeira (PB), sua cidade.
"Vi que era importante ajudar outras pessoas a não passar pelo que passei", conta ele, que ainda chora ao se lembrar de momentos como quando comia folha de umbu com sua irmã, já que a mãe tinha de escolher quais dos filhos alimentaria.

TODOS POR UM
Hoje, aos 48 anos, é casado e tem três filhos. É o coordenador-executivo do Cepfs (Centro de Educação Popular e Formação Social), de onde irradiam tecnologias sociais que unem comunidades de agricultores no médio sertão em busca de autonomia.
Estrategista, Zé Dias implantou projetos como o Banco de Sementes, em que as pessoas colaboram com grãos, a serem divididos na semeadura, mas devolvidos quando chega a colheita.
No Fundo Rotativo Solidário, associados contribuem com valores que, em decisão comunitária, são emprestados a quem mais precisa. Com o recurso, constroem cisternas para armazenar água no período da seca e fazem reformas nas casas.
O economista tem prazer em explicar como captar água em qualquer terreno.
Os argumentos são fortes: "Minha preocupação é tornar o campo uma opção para os jovens. E a diferença entre ter água ou não é fundamental".
Com a crise atual, recursos estrangeiros que financiam o trabalho estão minguando. O maior desafio, diz, é ampliar a carteira de parceiros.
Para quem vê tanque de armazenar água onde outros só viam pedra, essa será apenas mais uma guinada.

INOVAÇÃO
Estruturou um método que tem nas tecnologias sociais de convivência com o semiárido ferramenta para mobilizar as famílias em prol do diálogo, da descoberta de necessidades e da busca proativa de soluções locais

IMPACTO SOCIAL
Desde 1989, beneficiou 54.379 pequenos agricultores de 13 municípios do médio sertão paraibano com iniciativas de inclusão social, econômica e política

ORÇAMENTO 2011
R$ 358 mil (5 parceiros)

QUEM É
Fruto do sertão, José Dias Campos, o Zé Dias, 48, formou-se em economia, nasceu e vive em Teixeira, é casado e tem três filhos


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