São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004

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MEDICINA

Trabalhar em mais de um local é regra em rotina de início de carreira

Sérgio Zacchi/Folha Imagem
MARATONA A médica oftalmologista Cristiane de Almeida Leite, que trabalha em três clínicas e em três hospitais, na sala de consulta do Hospital das Clínicas; segundo ela, o lado ruim dessa rotina é o trânsito

MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Vivendo uma rotina típica de médico em início de carreira, a oftalmologista Cristiane de Almeida Leite, 29, trabalha em seis lugares. Às segundas-feiras, ela dá consultas em uma clínica no bairro da Liberdade. Às terças, de manhã, atende no Hospital das Clínicas e, à tarde, em uma clínica no Pacaembu.
Na quarta-feira, ela passa a manhã em um consultório em Cotia (Grande São Paulo) e a tarde no Hospital Sorocabano, na Lapa. Às quintas de manhã, está no HC e, à tarde, no Hospital Universitário da USP. E, finalmente, sexta-feira é o seu dia cirúrgico, que passa das 7h às 19h operando no Hospital Universitário. Os plantões acontecem duas vezes por semana (turnos noturnos de 12 horas) e nos fins de semana (um a cada 15 dias, com a duração de 24 horas).
"O mais chato disso tudo não é o ritmo puxado, mas o tempo que fico no trânsito. Quase nunca almoço justamente por isso. Terça-feira é o único dia que posso comer com calma, pois os lugares são mais próximos", diz.
Segundo ela, é normal, principalmente para médicos mais novos, trabalhar em tantos lugares. "A carga horária dos contratos, diferentemente de outras profissões, não é de 40 horas semanais. No Hospital Universitário faço 24 horas semanais e no HC, 12", afirma. "Além disso, não é fácil lotar a agenda de clínicas logo no início. Os profissionais mais velhos, que já têm uma clientela formada, têm apenas dois ou três empregos. Mas mesmo os que atendem mais em consultórios mantêm um vínculo com algum hospital. Isso é importante para estar sempre se atualizando, vendo os mais diferentes casos."
Segundo ela, há especialidades em que o médico tem uma rotina muito mais pesada, em que os plantões acontecem três vezes por semana e todos os fins de semana.
Apesar dos seis empregos, ela garante que leva uma vida normal e que tem tempo para se divertir, namorar e tudo o mais. "As pessoas não podem ver a medicina como um bicho-de-sete-cabeças. Médicos são pessoas normais", brinca. "É claro que não vou me acabar em uma festa um dia antes do plantão, assim como um advogado não o faz se tem um julgamento às 7h da manhã."
"Pelo menos médico não fica desempregado. Pelo menos nunca conheci um. Na pior das hipóteses, ganha mal", afirma Cristiane, como um estímulo para quem considera seguir a profissão, apesar da rotina que ela exige


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