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ALTA FIDELIDADE
Morador da região reclama da falta de infra-estrutura
Mesmo sofrendo com falta de escolas, de opções de transporte e de áreas de lazer, região apresenta alto índice de fidelidade
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os moradores da região noroeste reclamam da falta de escolas públicas e particulares,
das poucas opções de transportes coletivos, da ausência de
áreas de lazer e de locais para
praticar esportes.
Dizem que o asfalto das ruas
é ruim e que a acessibilidade
para deficientes físicos deixa a
desejar, assim como a quantidade de hospitais públicos e
particulares. Mas, ainda assim,
de lá não querem sair.
A região noroeste ficou pior
do que a média da cidade em todos os quesitos citados acima.
Somam-se ainda aos problemas a falta de atividades culturais, que levou nota 2,9 dos moradores e a ausência de ações
para jovens (2,6) e idosos (2,3)
- na cidade, os três itens tiveram média de 3,7, 3,2 e 3,2, respectivamente.
"No final de semana, a gente
vai à igreja e à tarde ficamos
sentadas na porta de casa conversando porque não tem para
onde ir", conta a dona-de-casa
Adriana Aparecida Cândido Lima, 19. Na região, existem poucas opções culturais: há apenas
11 bibliotecas públicas, de acordo com dados de 2006 da Sempla (Secretaria Municipal de
Planejamento) -nenhuma nos
distritos de Anhangüera, Casa
Verde e Cachoeirinha. Não há
nenhum museu ou sala de cinema e apenas dois espaços culturais. Os únicos teatros da área
estão nos quatro CEUs disponíveis na região.
A infra-estrutura de saúde e
de educação também não é das
melhores. A região noroeste é a
área da cidade que concentra o
menor número de hospitais
com leitos: são nove, para 1,3
milhão de habitantes -uma
média de um hospital para 145
mil pessoas, taxa menor apenas
que a do extremo sul, que dispõe de um hospital para 173 mil
moradores.
Na região, existem 1.252 escolas (10% de tudo o que há na
cidade) e 19.249 crianças
aguardam vagas em creches e
pré-escolas, segundo a Secretaria Municipal de Educação.
Correr pelas ruas
Sem vagas na escola e sem ter
onde brincar, o "playground"
das crianças é a rua. "Meus filhos não têm onde brincar. As
crianças ficam muito abandonadas por aqui, na rua", diz a
dona-de-casa Márcia de Oliveira, 36, cujos filhos brincam em
uma via onde carros disputam
espaço com caminhões. "Mas
de resto, não tenho do que me
queixar."
A dona-de-casa engrossa a fileira dos 74% de entrevistados
da região que não gostariam de
mudar de distrito, apesar dos
problemas que enfrentam
(porcentagem igual à da cidade). A zona noroeste é também
onde menos pessoas acham
que a vida melhorou nos últimos cinco anos (61,4%, para
uma média da cidade de 64%).
A explicação para o aparente
paradoxo vem da vizinha de
Márcia, a aposentada Maria José Coimbra, 70. "Aqui nunca
paguei aluguel. Cheguei em
1964, quando era só mato. Agora melhorou muito", ressalta.
A baixa percepção de violência é outro fator que estimula os
moradores a se manterem no
local. Apenas 7% dos moradores da região dizem ter sido
roubados ou agredidos no último ano, taxa menor que a média paulistana de 8,3%.
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