São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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ALTA FIDELIDADE

Morador da região reclama da falta de infra-estrutura

Mesmo sofrendo com falta de escolas, de opções de transporte e de áreas de lazer, região apresenta alto índice de fidelidade

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os moradores da região noroeste reclamam da falta de escolas públicas e particulares, das poucas opções de transportes coletivos, da ausência de áreas de lazer e de locais para praticar esportes.
Dizem que o asfalto das ruas é ruim e que a acessibilidade para deficientes físicos deixa a desejar, assim como a quantidade de hospitais públicos e particulares. Mas, ainda assim, de lá não querem sair.
A região noroeste ficou pior do que a média da cidade em todos os quesitos citados acima. Somam-se ainda aos problemas a falta de atividades culturais, que levou nota 2,9 dos moradores e a ausência de ações para jovens (2,6) e idosos (2,3) - na cidade, os três itens tiveram média de 3,7, 3,2 e 3,2, respectivamente.
"No final de semana, a gente vai à igreja e à tarde ficamos sentadas na porta de casa conversando porque não tem para onde ir", conta a dona-de-casa Adriana Aparecida Cândido Lima, 19. Na região, existem poucas opções culturais: há apenas 11 bibliotecas públicas, de acordo com dados de 2006 da Sempla (Secretaria Municipal de Planejamento) -nenhuma nos distritos de Anhangüera, Casa Verde e Cachoeirinha. Não há nenhum museu ou sala de cinema e apenas dois espaços culturais. Os únicos teatros da área estão nos quatro CEUs disponíveis na região.
A infra-estrutura de saúde e de educação também não é das melhores. A região noroeste é a área da cidade que concentra o menor número de hospitais com leitos: são nove, para 1,3 milhão de habitantes -uma média de um hospital para 145 mil pessoas, taxa menor apenas que a do extremo sul, que dispõe de um hospital para 173 mil moradores.
Na região, existem 1.252 escolas (10% de tudo o que há na cidade) e 19.249 crianças aguardam vagas em creches e pré-escolas, segundo a Secretaria Municipal de Educação.

Correr pelas ruas
Sem vagas na escola e sem ter onde brincar, o "playground" das crianças é a rua. "Meus filhos não têm onde brincar. As crianças ficam muito abandonadas por aqui, na rua", diz a dona-de-casa Márcia de Oliveira, 36, cujos filhos brincam em uma via onde carros disputam espaço com caminhões. "Mas de resto, não tenho do que me queixar."
A dona-de-casa engrossa a fileira dos 74% de entrevistados da região que não gostariam de mudar de distrito, apesar dos problemas que enfrentam (porcentagem igual à da cidade). A zona noroeste é também onde menos pessoas acham que a vida melhorou nos últimos cinco anos (61,4%, para uma média da cidade de 64%).
A explicação para o aparente paradoxo vem da vizinha de Márcia, a aposentada Maria José Coimbra, 70. "Aqui nunca paguei aluguel. Cheguei em 1964, quando era só mato. Agora melhorou muito", ressalta.
A baixa percepção de violência é outro fator que estimula os moradores a se manterem no local. Apenas 7% dos moradores da região dizem ter sido roubados ou agredidos no último ano, taxa menor que a média paulistana de 8,3%.


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