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ORTOPEDIA
Irmão doente inspirou escolha da carreira na infância
DA REPORTAGEM LOCAL
As paredes dos numerosos
corredores e salas da clínica do
ortopedista Moisés Cohen, 55,
estão repletas de lembranças
dos pacientes. São camisas esportivas e capacetes, autografados por atletas como Raí, Rogério Ceni, Jadel Gregório, Rubens Barrichello e Lars Grael.
Até ser um dos ortopedistas
mais conhecidos do Brasil, Cohen percorreu um longo caminho. Quando pequeno, morava
com os pais e quatro irmãos em
um quarto-e-sala em São Paulo. Um dos irmãos teve uma
doença hematológica e morreu
aos 14 anos, e foi nas idas e vindas aos postos de saúde que ele
decidiu se tornar médico.
"Sou o filho mais velho e
aquilo marcou muito a minha
infância. Acompanhava a minha mãe aos médicos, nas filas.
Aí firmei essa ideia [de estudar
medicina], mesmo sabendo
que o futuro não seria fácil."
E não foi mesmo. Cohen começou a trabalhar aos 12 anos
-foi office-boy e balconista de
loja. Conseguiu bolsa em um
cursinho pré-vestibular, onde
passava as manhãs: de tarde
trabalhava e, à noite, ia para a
aula. No início da faculdade,
deu aulas para se manter. "Tive
que me virar. Até em coral eu
cantava", conta ele, que ainda
canta como hobby.
"Estava determinado a fazer
ortopedia, e a determinação é
uma característica minha. Não
desisto nunca", diz ele, que hoje
atende atletas de baixa renda
em um projeto da Unifesp.
A ida aos EUA, onde estudou
por seis meses, foi outra "novela". "Não me pergunte como,
mas fui sozinho, logo depois do
nascimento de minha segunda
filha, passar seis meses com
menos de US$ 3.000."
As duas filhas de Cohen, que
é casado há 27 anos, hoje fazem
residência em ortopedia.
Para o médico, o maior estímulo à prática esportiva e a
maior competitividade são razões para a ocorrência de mais
lesões. "No afã de fazer uma atividade muito intensa, as pessoas exageram. É preciso conhecer os limites através de
uma boa avaliação", afirma.
A rotina do médico começa
às 6h e vai até meia-noite. "Sou
plugado 24 horas", diz. Quando
sobra tempo, Cohen gosta de
jogar futebol. Ele diz que é um
"peladeiro insistente". "Vários
colegas hoje jogam golfe, mas
ainda não cheguei a essa fase.
Acho que ainda tenho um pouco de energia para queimar jogando minha bolinha."
(FM)
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