São Paulo, sábado, 16 de maio de 1998

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Encontro com Tom rendeu dois discos

Divulgação
Sinatra (à esqu.) ao lado de Tom Jobim, durante as gravações do álbum "Francis Albert & Antonio Carlos Jobim", em 1967


especial para a Folha

Para um apreciador da melhor música popular norte-americana, como foi Frank Sinatra, era natural que a bossa nova despertasse seu interesse. Oficialmente, esse encontro aconteceu em 67, com o lançamento do álbum "Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim" (Reprise/Warner), relançado em CD no Brasil em 94.
O projeto começou em uma tarde de dezembro de 66, com sabor de anedota. Em uma roda de amigos, Tom Jobim tomava chope no bar Veloso, em Ipanema. Chamado ao telefone, o compositor carioca custou a crer no que ouviu. Era simplesmente Sinatra, convidando-o para gravarem um disco.
Com arranjos do alemão Claus Ogerman, o mesmo que assinara os arranjos do LP "The Composer of 'Desafinado'", gravado por Jobim em 63, o disco da dupla incluiu sete clássicos da bossa nova, além de três canções norte-americanas.
Bem-humorado, Sinatra não escondeu a dificuldade que enfrentou para se adaptar ao estilo "cool" da bossa nova. "Eu não cantava tão suave desde que tive laringite", brincou o cantor.
As gravações para um segundo disco da dupla chegaram a acontecer, tempos depois. Porém o projeto acabou se transformando em um álbum de Sinatra com vários parceiros, além do brasileiro. O planejado álbum "Sinatra-Jobim" virou "Sinatra & Co.".
Treze anos depois, o cantor chegou a convidar Jobim para acompanhá-lo em sua primeira apresentação no Brasil, em janeiro de 1980. Mas o reencontro acabou não acontecendo, segundo Jobim, por desentendimentos entre os produtores e empresários.
Ainda houve uma aparente parceria, alguns meses antes da morte de Jobim, em 94, mas que só aconteceu graças aos milagres da tecnologia. Os dois aparecem juntos em "Fly Me to the Moon", faixa do álbum "Duets 2", de Sinatra.
O detalhe curioso é que Jobim gravou sua participação no Rio; só dias depois, nos EUA, o cantor registrou sua voz. A última tentativa de repetir o notável encontro de Sinatra e Jobim terminou, ironicamente, em uma farsa digital.
(CARLOS CALADO)


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