São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2001

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GUERRA NA AMÉRICA

Associated Press
Membros do grupo extremista islâmico Taleban, que controla quase todo o Afeganistão e ameaça uma "guerra santa" caso seja atacado pelos Estados Unidos em retaliação e atentados


Taleban convoca islâmicos à guerra

O líder do Taleban, mullah Muhammad Omar, convocou ontem uma "guerra santa" contra qualquer país que ataque o Afeganistão. O movimento extremista islâmico, que controla quase todo o Afeganistão, alertou ainda os países vizinhos sobre o "extraordinário perigo" ao qual estarão sujeitos se ajudarem os EUA na retaliação aos ataques terroristas contra Nova York e o Pentágono, na terça-feira, que deixaram quase 5.000 pessoas desaparecidas.
O chanceler do Taleban disse que, caso os vizinhos cooperem com os EUA, o grupo fará uso de suas tropas para se vingar. "Se um país vizinho ou da região -particularmente países islâmicos- derem uma resposta positiva ao pedido norte-americano de bases militares, isso desencadeará uma grande ameaça", disse o mullah (líder religioso islâmico) Abdul Salam Zaeef, representante da política externa do Taleban e embaixador do grupo no Paquistão.
"Todo muçulmano deve estar preparado para uma guerra santa contra essa ameaça e estar preparado religiosamente para o caso de ter de se sacrificar pelo Islã", disse o líder religioso do Taleban à rádio Voz de Shariat.
O líder terrorista saudita Osama bin Laden, principal suspeito de comandar os atentados, vive no Afeganistão e tem laços estreitos com o Taleban. Os EUA já chegaram a dizer na semana passada que irão "eliminar o Estado" que abrigue ou apóie pessoas ou grupos envolvidos nos ataques.
As ameaças dos EUA já estão promovendo um êxodo de afegãos da capital, Cabul. Estrangeiros começaram a deixar o país já na quarta-feira, e ontem o Taleban os exortou a partir "para sua própria segurança".
O mullah Omar disse ontem que o Afeganistão é um alvo óbvio porque é um verdadeiro Estado muçulmano. "Vocês devem saber que não se trata apenas da questão de Osama [bin Laden", mas da oposição ao Islã", disse.
Omar lembrou que os impérios britânico e russo falharam ao tentar impor sua vontade aos afegãos nos dois últimos séculos e exortou a população a manter-se firme em caso de um ataque dos EUA e de outros possíveis aliados. Ele disse que os muçulmanos não devem temer a morte e que cada um deve estar preparado para morrer por sua fé. A "guerra santa" islâmica se inclui no conceito de "jihad" -o "esforço" que o muçulmano deve desempenhar para difundir e proteger o islamismo.


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