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ANÁLISE
Amanhã será o Dia D
ANDREW HILL
DO "FINANCIAL TIMES"
Muito dependerá do que
houver amanhã de manhã.
Será que quatro dias são o bastante? Foi esse o período durante
o qual os mercados de capitais
dos Estados Unidos ficaram fechados depois do horripilante
ataque ao World Trade Center,
em Nova York, na terça-feira.
O fechamento dos mercados
permitiu que os bancos e outras
empresas, cuja infra-estrutura física foi danificada ou destruída
nos ataques, se reagrupassem.
O prazo deu aos BCs a chance
de injetar liquidez nos sistemas financeiros de todo o mundo. Permitiu que as autoridades regulatórias e em alguns casos as instituições financeiras implementassem medidas de proteção, que
poderão ocorrer quando os mercados forem reabertos.
As operações de títulos de renda
fixa foram retomadas na quinta-feira, o primeiro passo improvisado rumo à restauração da normalidade na devastada Wall Street.
Mas as discretas operações de
quinta e a reação tímida das Bolsas internacionais até agora não
oferecem indicação clara de como
os mercados de ações se comportarão nesta semana.
Alguns operadores de bônus estavam reiniciando seu trabalho
em novos locais e com sistemas de
apoio improvisados, tentando lidar com colegas que talvez mal
conheçam ou porque os veteranos morreram na tragédia de 11
de setembro ou porque ainda não
conseguiram voltar ao trabalho.
Os mercados de bônus também
estavam no vácuo. Os operadores
mais sofisticados agem em diversos mercados ao mesmo tempo.
Com uma das peças mais importantes de um sistema interdependente fora de ação, havia pouca
chance de fazer "hedge".
Houve certas indicações de investimento em refúgios seguros,
como a alta das notas de curto
prazo do Tesouro norte-americano, mas é difícil realizar uma verdadeira "fuga rumo à qualidade"
se você está preso ao mercado do
qual deseja escapar.
Richard Grasso, presidente da
Bolsa de Nova York, descreveu a
decisão de abrir os mercados
amanhã como "a coisa certa para
os EUA". Um fechamento prolongado agravaria as preocupações sobre a estabilidade do país.
Instabilidade parece inevitável,
no curto prazo. Os números do
desemprego e confiança do consumidor divulgados na quinta
ambos registrados antes do atentado ao WTC teriam bastado para
deprimir os mercados de ações,
caso todos os mercados financeiros tivessem ficado abertos.
As autoridades regulatórias e
econômicas, e até mesmo investidores, fizeram declarações confortadoras depois do ocorrido.
Confiança do consumidor
A principal questão, porém, não
é determinar qual será a reação
dos mercados de capitais no curto
prazo, mas determinar se os ataques abalarão a confiança dos
consumidores.
Sob as circunstâncias, o momento não pareceria auspicioso
para investir, e poucos analistas
estavam dispostos a apostar que a
queda das ações tinha chegado ao
fim, sem que os mercados se reabrissem. Mas há alguns indícios
positivos.
Diversos fatores podem ajudar
a estabilizar os mercados e a economia. A BCAresearch.com, um
site de análises econômicas, indicou na semana passada que o Federal Reserve já relaxou acentuadamente a política monetária, e
que novas medidas de estímulo
fiscal e monetário são prováveis.
Mas, ao mesmo tempo, existe
claramente o medo de que os ataques da terça-feira sejam vistos
por muitos, entre os quais investidores estrangeiros cujo capital
ajudou a dar sustentação ao dólar,
como o "catalisador" há muito esperado para decretar o abandono
das ações norte-americanas.
Como sempre em momentos de
incerteza, a principal recomendação dos analistas é paciência. De
acordo com Edward Kerschner,
do UBS Warburg, os investidores
devem "esperar sentados até que
informações melhores surjam".
"O consenso que surgiu depois
do crash de 1987, da recessão de
1990/1991 e da crise global de 1998,
provou-se errado ao final", diz
Rich Bernstein, do Merrill Lynch.
"A história claramente sugere
que esperar e analisar os fundamentos é em geral preferível",
acrescenta ele.
Pode ser um bom conselho.
Mas depois de uma semana que
viu as análises racionais revertidas da maneira mais violenta,
nem todos os investidores o aceitarão.
Tradução de Paulo Migliacci
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