São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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Japão lidera restrição; Suíça tolera mais

DA REPORTAGEM LOCAL

Tanto na Suíça, que não tem restrições ao porte e à compra de armas, quanto no Japão, onde esse comércio é altamente limitado, os índices de homicídios são baixos: 1 morte a cada 100 mil suíços e 0,6 a cada 100 mil japoneses. No Brasil, é de 29 por 100 mil.
Números tão próximos em países com regras tão distintas levam defensores do "sim" e do "não" a darem explicações diferentes.
Para a pesquisadora Josephine Borgois, do movimento Viva Rio (pelo "sim"), a banalização do uso de armas, como há no Brasil, é o fator principal para o alto índice de mortes por arma. "Os números provam que, nos países onde há muitas armas e pouco controle, a taxa de mortes é maior."
Já o coronel da reserva do Exército Marco Antonio dos Santos, ligado ao movimento Viva Brasil (pelo "não"), diz que é semelhante o índice de mortes em países que vetam o comércio de armas com aqueles que autorizam. "A Suíça tem o porte e a comercialização de armas autorizado. O Japão, não. E a taxa de homicídios dos dois países é muito baixa."
A comparação com países desenvolvidos não leva em conta o grau de desenvolvimento e qualidade de vida das nações. No Japão, um dos mais baixos índices de homicídio do mundo (0,6 por 100 mil habitantes), o porte de arma só é permitido para policiais e praticantes de tiro. A Suíça (1 para cada 100 mil) não restringe o porte. Até os reservistas guardam armamentos do Exército em casa.
Na Jamaica, onde a posse é vetada desde 1974, a taxa é de 31 homicídios a cada 100 mil habitantes, uma das mais altas do mundo -e próxima da brasileira. Em comum, os dois países latinos têm uma população mais pobre que Japão e Suíça e índice de qualidade de vida (IDH) inferior: o Brasil é o 63º em 177 países e a Jamaica, 98ª. A Suíça é a 7ª e o Japão, 11º.
O IDH mede o desenvolvimento humano e tem, entre seus componentes, a renda per capita e a expectativa de vida -esta muito afetada pelas mortes violentas.
Nos EUA, venda e porte são autorizados em quase todos os Estados. A exigência é que o comprador não tenha antecedente criminal. A taxa de homicídios é de 9 casos para 100 mil habitantes.
A Inglaterra limitou, em 1997, o porte e o comércio a armas de calibre inferior a 22 mm (as mais usadas, como alguns revólveres, pistolas e carabinas). Os índices de homicídios são considerados baixos: 1,4 para cada 100 mil.
Na Itália, com 2 homicídios por 100 mil, e França (1,5), porte e comércio são restritos a alguns tipos de calibre. A população pode ter armas "comuns", como revólver.


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