São Paulo, Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 1999
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Crise reduz desfile de bonecos gigantes

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Olinda (PE)

A crise econômica afetou um dos mais importantes eventos do Carnaval pernambucano, o encontro dos bonecos gigantes, realizado ontem em Olinda.
Apenas 60 dos 100 personagens esperados desfilaram no centro histórico. A redução ocorreu por falta de recursos para o pagamento da infra-estrutura necessária.
Segundo o artista plástico e organizador do evento, Silvio Botelho, foi o menor desfile dos últimos seis anos. O encontro é realizado há dez anos.
"A crise não deixou que os outros 40 personagens saíssem", disse Botelho. "Precisávamos de R$ 25 mil, mas só conseguimos arrecadar R$ 18 mil", afirmou.
Os R$ 7.000 que faltaram, disse o artista, seriam utilizados para o transporte dos bonecos, compra de fogos, camisetas, e para o pagamento dos carregadores e das orquestras de frevo.
O bloco saiu ontem com três bandas de 30 músicos cada, contratadas por R$ 9.000 ao todo. Caso o desfile fosse feito com cem bonecos, disse Botelho, seria preciso contratar mais duas orquestras.
Apesar dos desfalques, não faltou animação no desfile. Fogos de artifício anunciaram a saída do bloco pelas ladeiras da cidade no horário previsto, às 11h20.
A passagem dos gigantes atraiu centenas de foliões. Troças espalhadas pelo centro histórico se uniram para acompanhar as evoluções dos personagens, que faziam reverências ao público e balançavam os braços ao som do frevo.
Como tradicionalmente ocorre, o Homem da Meia-Noite, o mais antigo boneco de Olinda, seguiu à frente, escoltado de perto pela Mulher do Meio-Dia e o Menino e a Menina da Tarde. Dos 16 novos personagens criados por Botelho este ano em Olinda, apenas quatro saíram às ruas ontem.
Figuras tradicionais do Carnaval de Olinda, os bonecos gigantes teriam surgido na Europa -possivelmente na Idade Média- para acompanhar procissões, cortejos populares ou festas locais.
Em Pernambuco, o primeiro deles surgiu em Belém do São Francisco, no sertão do Estado, em 1919. Foi batizado de Zé Pereira, figura típica do Carnaval.
Em Olinda, o Homem da Meia-Noite foi o primeiro a desfilar na cidade, em 1932. A figura foi criada pelos irmãos Benedito e Sebastião Bernardino da Silva, dissidentes da troça carnavalesca mista Cariri.
Segundo Silvio Botelho -criador de 366 bonecos gigantes-, os primeiros personagens tinham estrutura de madeira e gesso e chegavam a pesar 50 quilos. Os atuais, feitos com isopor, fibra e alumínio, pesam 15 quilos e têm cerca de 3,20 metros de altura.
Um homem conhecido por "chapeado" é responsável pela condução do personagem.


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