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POLUIÇÃO: IMPACTO OCORRE TODOS OS DIAS
Plástico ameaça oceanos
A população que mora ou passa os fins-de-semana nas praias é responsável por grande parte do lixo que se deposita no mar; um estudo dos EUA estima que os oceanos recebam 14 bilhões de quilos de lixo a cada ano
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especial para a Folha
O oceano não é uma esponja absorvente, como já se chegou a pensar.
Pelo contrário, os mares de hoje lembram bem mais uma lixeira.
Embora seja difícil saber a quantidade exata de poluentes lançados
ao mar, uma coisa é certa: todos os
dias, os oceanos recebem toneladas de resíduos -alguns tóxicos,
outros nem tanto. Não importa.
Caiu no mar, no mar fica.
E é aí que mora o perigo: 77%
dos poluentes despejados nos
oceanos vêm de fontes terrestres e
tendem a se concentrar nas regiões costeiras, justamente o habitat marinho mais vulnerável. Ora,
ele é também o habitat mais habitado por seres humanos.
A população que mora no litoral
ou nele passeia nos fins-de-semana e feriados é uma das grandes
responsáveis pelo lixo que acaba
se depositando no fundo do mar.
Produzimos cada vez mais lixo e
nos descartamos dele com uma
velocidade cada vez maior.
Um estudo feito pela Academia
Nacional de Ciências dos Estados
Unidos estima que 14 bilhões de
quilos de lixo são jogados (sem
querer ou intencionalmente) nos
oceanos todos os anos. Não é à toa
que as descargas de detritos urbanos produzam efeitos tão nocivos.
Plástico
Produzimos vários tipos de lixo,
mas a grande "praga" dos mares é
o plástico. Ele tem uma vida útil
curtíssima, mas demora centenas
de anos para se desfazer, seja no
mar, seja na terra.
E, dentro do estômago de um bicho marinho, ele pode fazer um
grande estrago, levando-o à morte. Para uma tartaruga, por exemplo, um saco plástico boiando na
água pode parecer uma água-viva
-ou seja, comida.
Mas o lixo não é o único problema enfrentado pelos oceanos. A
ocupação desordenada do litoral
está criando outro tipo de poluição: a ambiental, caracterizada pela destruição das restingas e manguezais próximos à costa e pela
poluição crescente das praias.
No próximo século, estima-se
que 60% da população mundial
esteja vivendo em áreas costeiras,
o que significa um número ainda
maior de hotéis, casas e lixo nas
praias e no mar.
Esgoto
O esgoto (industrial e doméstico) constitui uma das grandes
ameaças para a vida marinha e para quem vive no litoral porque age
como um fertilizante. Pode parecer um paradoxo, mas não é.
O esgoto leva para o mar grande
quantidade de matéria orgânica, o
que acaba contribuindo para uma
explosão do fitoplâncton -uma
explosão que, não por acaso, é conhecida como "bloom".
A vida microscópica cresce de
forma desordenada, prejudicando
os outros organismos marinhos,
que ficam sem espaço, sem oxigênio e sem nutrientes.
Um dos exemplos mais conhecidos do "bloom" é a chamada maré vermelha, que resulta da proliferação dos dinoflagelados -um
tipo de fitoplâncton que contém
pigmento vermelho. Os dinoflagelados produzem substâncias tóxicas que podem causar a morte.
O esgoto também carrega para
os oceanos diversos organismos
nocivos, como bactérias, vírus e
larvas de parasitas. Metade do peso seco do lixo humano é composto por bactérias. Delas, um grupo
em particular costuma ser apontado como o grande vilão: os coliformes fecais. Tanto que são empregados como indicadores do nível de poluição das praias.
E uma má notícia. Pelo menos
30% das praias brasileiras têm
mais coliformes fecais do que deveriam - um sinal de que tem esgoto demais por ali.
(VANESSA DE SÁ)
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