São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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DROPS DE ANIS

Consolação é reduto dos cinéfilos da cidade

O passeio é feito ao menos uma vez por semana por 22% dos moradores do distrito; acesso fácil e localização contribuem para a diversão

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os moradores da Consolação vão, em média, quase cinco vezes mais ao cinema do que os habitantes do resto da cidade, segundo a pesquisa Datafolha.
De todos os entrevistados no distrito, 22% afirmaram fazer este tipo de programa ao menos uma vez por semana -enquanto, na região, a média é de 7% e, em São Paulo, de 5%.
Em uma cidade em que 53% não costumam sair para assistir filmes, o número de não freqüentadores de cinemas da Consolação chama a atenção: apenas 16%. Na região central 46% dizem não ter esse hábito.
"Eu venho ao cinema mais de uma vez por semana, certamente", conta a aposentada Maria Inês Oliva, 67, enquanto procura o próximo filme que irá assistir na rua Augusta (que fica no distrito da Consolação).
O distrito é a área da cidade que abriga a maior quantidade de salas de cinemas (36), segundo dados da prefeitura. É lá que se concentra hoje boa parte do circuito de filmes alternativos da cidade, ao lado da Bela Vista, com 12 salas - distrito que ficou em terceiro no ranking dos que mais vão ao cinema: 10% entram na fila para uma sessão pelo menos uma vez por semana. O segundo lugar ficou com Santa Cecília, com 14%.
O grande número de salas faz com que os cinemas da região sejam freqüentados por pessoas de vários locais da cidade, como o também cinéfilo Jonilson Nobre Montalvão, 34, dono de um sebo de livros e discos no Itaim Paulista (zona Leste).
Morador do Brás, ele sabe de cor os melhores horários e preços de cada sessão de cinema na região. Segunda-feira é dia de HSBC Belas Artes; as quintas ele passa no Espaço Unibanco (ambos no distrito da Consolação). E ele ainda fica atento às sessões gratuitas que acontecem no Centro Cultural Banco do Brasil (no distrito da Sé).
"Faltam atividades culturais no Brás [o bairro deu a menor nota da região para o quesito, 3]", diz Montalvão, que costuma ir a pé aos cinemas. "Gosto de andar pelo centro e ver as construções, que podiam ser mais bem cuidadas", diz.

Localização
Além da oferta de salas, a localização é outro atrativo para os cinéfilos. Morar em um local que é fácil de chegar e está perto de tudo é o segundo quesito mais elogiado por quem vive na área central (15%), atrás apenas do comércio local (30%).
"O acesso ao cinema aqui é mais fácil", diz a aposentada Maria Inês. Além da proximidade de sua casa, ela ainda elogia a qualidade dos filmes exibidos na região -geralmente diferentes dos do circuito comercial- e o fato de os cinemas serem na rua e não em shoppings. "Dá mais gosto da gente entrar em um cinema assim. Eles são como os de antigamente, que ficavam no centro da cidade", diz ela, listando os cinemas que freqüentava na adolescência.

Centro
Foi na região central de São Paulo que o cinema viveu seus anos de maior glamour. Em salas com capacidade para mais de mil pessoas e telas suntuosas, era necessário traje de gala para assistir aos filmes, lembra a aposentada.
Nos últimos anos, os cinemas dessa época não resistiram à concorrência e à falta de público e fecharam as portas. O último a encerrar as atividades, em agosto de 2007, foi o Cine Marabá, na avenida Ipiranga.
Meses antes, um dos cinemas mais tradicionais da cidade, o cine Paris, mudou a programação para filmes pornôs.
(TB E JP)


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