São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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Rua multimídia

Connecting street/Resfest

Gustavo Fioratti

Com ares de arte urbana, a curadoria do Nokia Trends Connecting Street -espaço do evento dedicado a trabalhos multimídia- aprimora o jogo de interatividade e manipulação geradas por suportes eletrônicos. Para interagir, o celular é ferramenta fundamental. Mas não é preciso ter o aparelho: na mostra Resfest Mobile, edição especial do festival Resfest e atração principal da Connecting Street, haverá 15 celulares disponíveis para o público assistir a vídeos experimentais assinados por figurões e anônimos.

Já tradicional no circuito paulistano, o Resfest acontece em cerca de 50 cidades ao redor do mundo desde 1996. No Nokia Trends, modifica um pouco o seu formato, deixando de ocupar salas de cinema para se estabelecer apenas dentro do espaço do evento. Com curadoria de Carlos Fari-nha e Clarice Reichstul, o Resfest Mobile acontece em uma espécie de aquário com vidros transparentes.

Especialmente para esta edição, dez jovens diretores brasileiros desenvolveram filmes, sendo que cinco deles pensaram projetos para serem exibidos especialmente em celulares. Nesta lista, estão os nomes de Zaracla, diretor de videoclipes da Zeppelin Filmes, e de Esmir Filho, autor dos curtas "Alguma Coisa Assim", premiado em Cannes, e "Tapa na Pantera", sucesso do site YouTube.

Michel Gondry, famoso por seus clipes para artistas como Björk, Foo Fighters e a dupla de música eletrônica Chemical Brothers e pela direção do filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças", é uma das estrelas do festival. Serão exibidos vários de seus trabalhos, entre clipes, animações e curtas. "É como uma minirretrospectiva, mas somente com trabalhos que se encaixam no formato para celulares", diz Farinha.

O inglês Chris Cunningham também aparece na programação. Muito lembrado pelo trabalho com a gravadora Warp Vision, assim como pela parceria com o DJ Aphex Twin no vídeo soturno "Come to Daddy", o diretor é representado tanto por clipes como por filmes publicitários. "As linguagens que abarcamos são as mais diversas. O que conta para entrar para a seleção é a criatividade e a forma de utilização de novas ferramentas", explica Farinha. Os filmes do Resfest também serão exibidos em um telão no Live Stage entre as apresentações musicais.

Ainda no espaço multimídia, o festival cria uma espécie de videoblog: numa parede, nove telas exibem registros de convidados especiais gravados por celulares. O público assiste a todos e, com um fone, escolhe qual deles quer ouvir. Os jornalistas Jackson Araújo e Alexandre Matias, a curadora Julia Rodrigues e a apresentadora Renata Simões são algumas das personalidades escaladas para trabalhar com o recurso.

O público também interage com o projeto Liliput 3.0, produzindo na hora fotos e vídeos que são armazenados e modificados por um programa e podem ser baixados por outras pessoas.

A mostra também permite a manipulação de trabalhos do grupo BijaRi em cinco telões, por meio do teclado dos telefones, além de liberar o download de wallpapers, músicas e ringtones, no espaço Trend Zone, que simula a ambientação de uma banca de jornal.

Só há um trabalho que ainda se apoia em técnica mais tradicional, o grafite, mesmo assim, com pincelada tecnológica. O grafi-teiro Highraff e o VJ Charlie fundem suas linguagens em uma espécie de colagem de desenho e projeções que se modificam mutuamente. As imagens projetadas por Charlie preenchem, iluminam e transformam a parede grafitada por Highgraff em parceria com Nunca e Kboco.

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