São Paulo, domingo, 18 de abril de 2010

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1950

Da euforia à tragédia

Brasil abriga o 1º Mundial do pós-Guerra, constrói o Maracanã, mas torna a decisão um trauma nacional

ESPECIAL PARA A FOLHA

O goleiro uruguaio Máspoli consola o zagueiro e capitão brasileiro Augusto. A imagem ao lado simboliza um Mundial preparado para o Brasil ganhar, mas que acabou nas mãos do Uruguai, no traumático 2 a 1 que calou o Maracanã lotado.
Até o jogo decisivo, tudo correu dentro dos planos do Palácio do Catete. Com a Europa ainda se reerguendo da Segunda Guerra, coube ao Brasil abrigar a quarta edição da Copa e interromper um jejum de 12 anos sem competição. A Fifa não tinha alternativa -o país era o único candidato, e o presidente da entidade, Jules Rimet, aceitou que o Mundial voltasse a ser realizado fora da Europa.
Acusações de corrupção envolvendo a Prefeitura do Rio de Janeiro não impediram que o maior estádio do mundo fosse construído especialmente para o evento. E rivais tradicionais, como Argentina e França, desistiram de vir ao Brasil, facilitando o caminho para a seleção de Friaça, Zizinho e Ademir.
Tais elementos e duas goleadas antes da última partida (7 a 1 sobre a Suécia e 6 a 1 sobre a Espanha) alimentaram o ufanismo popular. Mas os gols de Schiaffino e Ghiggia transformaram a expectativa de título em tragédia, com alguns laivos de racismo contra o goleiro Barbosa, considerado um dos maiores culpados pela derrota.
Fora de campo, o início da década foi marcado pela crescente tensão entre as duas superpotências emergentes do pós-Guerra, EUA e URSS, refletida na Guerra da Coreia.
Em 1945, os dois países haviam dividido a península coreana ao meio: capitalistas no sul, socialistas no norte. A partilha foi colocada em xeque em junho de 1950, quando forças norte-coreanas, apoiadas por chineses e soviéticos, invadiram o sul, que foi socorrido pela ONU, com Washington à frente. O armistício só veio três anos depois, com a criação de uma zona desmilitarizada na fronteira entre as Coreias.
Na África, a participação das colônias em favor dos Aliados durante a Segunda Guerra fortaleceu o sentimento independentista no continente.
Entre as francesas, o Senegal desempenhou importante papel sob a liderança de Leopold Senghor, brilhante intelectual, criador do conceito de negritude e deputado na Assembleia Constituinte francesa.
Nesse período, diversos agrupamentos políticos surgiram na África Ocidental Francesa. Inicialmente buscavam relações mais equânimes com a metrópole, mas já traziam o desejo de independência.
Na África do Sul, o apartheid, política oficial de segregação racial, avançava. Em 1949, foram proibidos casamentos interraciais e todo indivíduo deveria portar certificado de identidade racial. Em 1950, foram definidas zonas territoriais para a moradia de cada grupo. (MARCO ANTONIO VILLA)

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