São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Convívio mantém algumas arestas

LADO A LADO Pouco mais de um terço vê preconceito contra e de "brasileiros"

MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO

Apesar dos cem anos de convivência, 44% dos japoneses e descendentes que moram em São Paulo afirmam que há preconceito de nikkeis contra brasileiros. Ele se expressa, segundo eles, principalmente pelo desejo de japoneses e descendentes de evitar a miscigenação de raças (22%) ou de andar junto com brasileiros (18%).
O sociólogo Sedi Hirano, 69, diz não se surpreender com os números. "Imigrantes tendem a se "fechar" quando chegam a um novo país. No Brasil, como o grupo [de japoneses e descendentes] era maior, a concentração desses indivíduos era mais freqüente", afirma Hirano.
Ao todo, 36% dos pesquisados acreditam que também existe preconceito dos brasileiros em relação aos nikkeis. Ao serem questionados sobre o tipo de preconceito, aparecem empatados (com 21%) temas ligados à aparência física (olhos e fisionomia) e à personalidade (inteligência e timidez).
A percepção do preconceito contra os demais brasileiros é maior entre os netos de japoneses (48%) do que entre os próprios imigrantes que vivem no país (35%). Para a historiadora Célia Oi (filha de japoneses), há um forte sentimento de gratidão na primeira geração, o que ajuda a explicar essa diferença.
"Lembro do meu pai e do meu avô dizerem que foram muito bem-recebidos no Brasil.
Graças a essa vinda para cá, puderam evitar os horrores da guerra. Puderam trabalhar e sobreviver. Então não se sentem à vontade para reclamar ou criticar os brasileiros", afirma.
Situação diferente da experimentada pelas gerações seguintes, segundo ela, que se sentem mais à vontade para se expressar, sem tanto compromisso com o passado.


MARCELO SAKATE é neto de japonês. Seu avô paterno chegou ao Brasil em 1926


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