São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Na mesa de casa, a mistura era visível"

DANIEL HIRATA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Meu pai é nissei, e minha mãe, descendente de italianos.
Meu pai tem uma forma de educar estrita, mais japonesa.
Ele não fala muito. Meus avós vieram para trabalhar na lavoura e fugir da guerra e se instalaram em Marília (435 km de São Paulo).
Nasci em Curitiba, mas cresci em contato com os meus avós e com a cultura japonesa.
Minha mãe aprendeu a fazer comida japonesa com a minha avó. Na mesa da minha casa, a mistura sempre foi bem visível: arroz, feijão, bife e tsukemono, que é uma conserva de vegetais.
Sou formado em turismo. No começo, meu pai torcia o nariz para a faculdade.
Bati na porta de um restaurante japonês. Ia trabalhar como garçom, mas aprendi a cozinhar. Até hoje faço algumas receitas da minha avó.
Em 1999, no meio da faculdade, fui para o Japão para estudar japonês, trabalhar em uma fábrica e juntar dinheiro. Fiquei dois anos e meio. Eu aprendi palavras em japonês com a minha avó. Por exemplo, a palavra "ganbatte".
Meu pai sempre diz isso. É um grito de guerra que significa não desista, não recue.


DANIEL HIRATA, 29, sushiman do Mori Sushi, é neto de japoneses


Texto Anterior: "Tinha de aprender tudo na marra"
Próximo Texto: Baixada do Glicério foi o marco zero
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.