São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011

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MEU CASO COM A FOLHA

Um colaborador acidental

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Escrevo na Folha desde 1999. Como moro em Belo Horizonte e faço tudo para não viajar, a não ser de férias, quase só tenho contato com os companheiros do jornal por telefone ou e-mail.
Para criar identidade, cumplicidade e boas relações afetivas com os colegas, não é preciso, necessariamente, estar fisicamente presente no local de trabalho, embora às vezes me sinta isolado, apenas um colaborador acidental.
Alguém mais radical disse que as relações profissionais e pessoais, em todos os níveis e situações, só são duradouras na ausência.
A Copa do Mundo é a chance que tenho de encontrar alguns companheiros. Trabalhei pela Folha nas Copas de 2002, 2006 e 2010.
Antes de embarcar em São Paulo para a de 2010, na África do Sul, a mulher e as duas filhas do companheiro Paulo Cobos me pediram, por eu ser muito mais velho e ter cara de sério, que cuidasse de seu pai. Ele e os outros é que cuidaram de mim.
Sem os colegas, não chegaria aos locais de trabalho, já que não dirijo quando viajo. Juca Kfouri, meu mestre, foi meu motorista, aliás, muito bom, apesar de ter a seu lado um distraído copiloto.
Sem os companheiros, ficaria perdido neste mundo tecnológico, sem saber qual botão apertar. E ainda toleraram minhas esquisitices.
Como sou pessimista (ou realista), imagino que o jornal impresso vai se tornar, no futuro, antes de desaparecer, apenas um roteiro para os leitores saberem o que ler na internet. Isso já acontece. As colunas, cada vez menores, terão uma introdução, uma síntese, com os dizeres no fim: continua on-line.
Enquanto o jornal impresso não acaba, escrevo, risco, escrevo, risco, até passar para o computador e transmitir a coluna pela internet.
Sou um sessentão, muito mais novo que a Folha. Não tenho pretensão de chegar aos 90. Há tempos, leio a Folha todos os dias, muito antes de ser colunista do jornal.
Como vou continuar a ler o jornal impresso e pretendo viver mais um bom tempo, espero que o jornal não acabe antes.


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