São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

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INÉDITO

Romance inacabado é sobre tráfico de armas

Texto é inspirado em peça de Gil Vicente; Fernando Meirelles coproduz "José e Pilar, documentário sobre o convívio entre o autor de "Ensaio sobre a Cegueira" e sua mulher

DE SÃO PAULO

José Saramago deixou inacabado em seu computador um romance sobre o tráfico de armas -a que chamou de "Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!".
O título faz referência a dois versos da tragicomédia "Exortação da Guerra" (1513), escrita por Gil Vicente, um dos grandes nomes da dramaturgia portuguesa.
Mas, segundo o editor de Saramago, Zeferino Coelho, a viúva, Pilar del Rio, não decidiu se será publicado. Ele acrescentou que há "muita coisa no espólio" do autor de "Ensaio sobre a Cegueira" que pode vir a público, como sua correspondência.
Após concluir "Caim" em 2009, Saramago começou a redigir com entusiasmo esse novo romance, mas parou por não estar satisfeito com o título. Era comum em seu processo de criação saber o título das obras antes mesmo de começar a escrevê-las. Demorou até finalmente glosar os versos de Gil Vicente. Mas, segundo amigos, a obra vinha lhe dando mais dores de cabeça do que as anteriores.

DOCUMENTÁRIO
A produtora O2, de Fernando Meirelles, está coproduzindo o documentário "José e Pilar". Dirigido pelo português Miguel Mendes, conta os últimos anos de convivência do escritor com sua mulher. Para Meirelles, "vemos ali um homem brilhante que sabe que seu tempo está acabando".
Já a Companhia das Letras irá publicar, ainda sem data definida, "José Saramago em Suas Palavras". Organizada por Fernando Gómez Aguilera, reúne declarações dadas à imprensa escrita.

LEITURAS
Entre os últimos livros que Saramago estava lendo, consta, segundo seus familiares, "Às Cegas", do italiano Claudio Magris, que fora visitá-lo meses atrás em sua residência em Lanzarote.
Também havia "George Steiner at The New Yorker", que colige as resenhas que o crítico inglês fez para a revista entre 1967 e 1997. Saramago sempre recomendava a obra a seus amigos.
Recentemente, estava muito feliz com a publicação da correspondência que ele próprio manteve com o também autor português José Rodrigues Miguéis, entre 1959 e 1971. Segundo Pilar, ele comentou: "Agora posso morrer tranquilo".

Com agências internacionais.


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