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INÉDITO
Romance inacabado é sobre tráfico de armas
Texto é inspirado em peça de Gil Vicente; Fernando Meirelles coproduz "José e Pilar, documentário sobre o convívio entre o autor de "Ensaio sobre a Cegueira" e sua mulher
DE SÃO PAULO
José Saramago deixou inacabado em seu computador
um romance sobre o tráfico
de armas -a que chamou de
"Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!".
O título faz referência a
dois versos da tragicomédia
"Exortação da Guerra"
(1513), escrita por Gil Vicente,
um dos grandes nomes da
dramaturgia portuguesa.
Mas, segundo o editor de
Saramago, Zeferino Coelho,
a viúva, Pilar del Rio, não decidiu se será publicado. Ele
acrescentou que há "muita
coisa no espólio" do autor de
"Ensaio sobre a Cegueira"
que pode vir a público, como
sua correspondência.
Após concluir "Caim" em
2009, Saramago começou a
redigir com entusiasmo esse
novo romance, mas parou
por não estar satisfeito com o
título. Era comum em seu
processo de criação saber o
título das obras antes mesmo
de começar a escrevê-las. Demorou até finalmente glosar
os versos de Gil Vicente. Mas,
segundo amigos, a obra vinha lhe dando mais dores de
cabeça do que as anteriores.
DOCUMENTÁRIO
A produtora O2, de Fernando Meirelles, está coproduzindo o documentário "José e Pilar". Dirigido pelo português Miguel Mendes, conta os últimos anos de convivência do escritor com sua
mulher. Para Meirelles, "vemos ali um homem brilhante
que sabe que seu tempo está
acabando".
Já a Companhia das Letras
irá publicar, ainda sem data
definida, "José Saramago em
Suas Palavras". Organizada
por Fernando Gómez Aguilera, reúne declarações dadas
à imprensa escrita.
LEITURAS
Entre os últimos livros que
Saramago estava lendo,
consta, segundo seus familiares, "Às Cegas", do italiano Claudio Magris, que fora
visitá-lo meses atrás em sua
residência em Lanzarote.
Também havia "George
Steiner at The New Yorker",
que colige as resenhas que o
crítico inglês fez para a revista entre 1967 e 1997. Saramago sempre recomendava a
obra a seus amigos.
Recentemente, estava
muito feliz com a publicação
da correspondência que ele
próprio manteve com o também autor português José
Rodrigues Miguéis, entre
1959 e 1971. Segundo Pilar,
ele comentou: "Agora posso
morrer tranquilo".
Com agências internacionais.
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