Além do público, organização projeta faturamento recorde de R$ 26 mi na edição deste ano

Edson Silva/ Folhapress

Alexandro Jaques treina em arena de Paulo de Faria para o rodeio em Barretos

MARCELO TOLEDO
ENVIADO ESPECIAL A BARRETOS

Os números são superlativos. Maior previsão de faturamento da história, público recorde dos últimos anos, maior investimento e a volta de shows internacionais após um hiato de oito anos.
A 55ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, a mais tradicional do gênero no país, começa hoje com perspectivas animadoras, principalmente em comparação ao ano passado.
Sem a gripe suína, os reflexos da crise na economia global e sem previsão de fortes chuvas, a direção de Os Independentes, entidade que organiza o evento barretense desde 1956, projeta faturamento de R$ 26 milhões neste ano e um público total de 1 milhão nos 11 dias.
É o maior público desde 2005 -quando a festa completou 50 anos e, por isso, teve 18 dias de duração. No ano passado, o público foi de 720 mil pessoas e o faturamento não chegou aos R$ 20 milhões esperados. Neste ano, só o investimento deve alcançar esse patamar.
Para conseguir atrair mais público e se recuperar do revés de 2009, a organização aposta na ampliação da internacionalização da festa.
Em 2009, o Parque do Peão recebeu a primeira edição no país da Copa do Mundo de Rodeio da PBR (Professional Bull Riders), principal entidade no exterior.
Neste ano, a aposta foi mais alta, com a contratação de Mariah Carey, que faz show no próximo sábado, com ingressos a R$ 200, e na realização do Mundialito de Três Tambores, com duplas de dez países -é a primeira vez que homens participarão da prova em Barretos.
A festa barretense também inovou ao contratar Ana Carolina, a jovem banda Restart e a escola de samba Unidos da Tijuca, campeã do Carnaval do Rio, que nada têm a ver com a "turma do chapéu". Tudo isso para tentar atrair um novo público.

FERRADURA MANCA
Essa provável expansão ocorre em meio à polêmica descaracterização do estádio de rodeios projetado por Oscar Niemeyer no Parque do Peão, que completa 25 anos de fundação neste ano.
A construção de dois camarotes fez com que o estádio em formato de ferradura ficasse "manco", além de quebrar o impacto visual do espaço que estava contemplado no projeto original.
O presidente de Os Independentes, Marcos Murta, reconhece o problema, mas não vai resolvê-lo neste ano.
O episódio reacende a discussão sobre a preservação das tradições e da cultura sertaneja. Com tantas inovações especialmente no primeiro final de semana -show romântico, escola de samba, micareta e banda teen-, onde ficam as tradições que originaram a festa?
"Temos de preservar, mas o difícil é segurar as tradições através dos poucos como eu que ainda restam. A gente se sente cada dia numericamente mais fraco. Tenho receio de que a cultura sertaneja morra comigo", afirmou o segundo vice-presidente de Os Independentes, José Sebastião Domingos, 82, um dos fundadores da festa.
A Queima do Alho (comida típica de peões) e o Pau do Fuxico, palco de música de raiz, são algumas das atrações que tentam preservar a cultura sertaneja, que um dia originou, sob a lona de um circo, a primeira festa.


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