Salustiano, 49, bicampeão de Barretos nos anos 80, volta a montar touro neste ano

DO ENVIADO A PAULO DE FARIA

No tambor adaptado para simular os movimentos dos touros nas arenas de rodeio, ele lembra uma criança ao ganhar sua primeira bicicleta. Nem parece que é um dos três bicampeões da Festa do Peão de Boiadeiro.
Mas o fato se explica: há 20 anos sem montar profissionalmente, o produtor rural Salustiano Procópio Ribeiro, 49, que venceu em Barretos em 1981 e 1986, se prepara para voltar à arena na meca do rodeio no país.
Membro de uma família ligada ao campo, Salu, como é chamado no mundo country, começou a montar aos 18 anos e competiu por cerca de dez. Ganhava tudo o que disputava; apesar disso, o rodeio nunca foi sua principal atividade.
Ele administra terras da família. Salu é irmão do ex-jogador de futebol Marco Antônio Boiadeiro e primo de Tião Procópio, peão que inspirou Glória Perez a criar o Tião Higino, personagem de Murilo Benício na novela "América" (2005), da TV Globo.
Salu ganhou todos os rodeios num raio de 200 quilômetros de São José do Rio Preto, e parou sem sofrer contusões sérias.
Natural de Paulo de Faria, região de Rio Preto, onde mora atualmente, Salu esteve na cidade natal a convite da Folha e, lá, encontrou o que nunca tinha visto em sua carreira: um "touro" de tambor adaptado, criado pelo também ex-bicampeão de Barretos Vilmar Felipe, para o treinamento de jovens.
"Fiquei encantado com isso, vou treinar nele. Ele [o tambor] faz, com repetições, os movimentos perfeitos dos bois", disse.
A volta agora, aos 49 anos, se deve a um convite de Henrique Prata, diretor do Hospital de Câncer de Barretos, para participar de um desafio no último dia do rodeio, que não vale título, mas recursos para o hospital.
Salu avisa para ninguém esperar o desempenho dos anos 80. "Foi o meu auge e, quando você está no auge, ninguém ganha de você. Mesmo num dia não tão bom, você ganha."
Nessa volta, ele terá de se adaptar ao tamanho da festa -embora tenha conquistado o segundo título no Parque do Peão, o estádio atual ainda não existia.
"No meu tempo, havia menos bois e peões, mas eram duros e difíceis como o de hoje." (MARCELO TOLEDO)


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