São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004 |
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Cariocas abandonam o palco do Brasileiro
Maracanã sofre com altas taxas e suposto esquema de evasão de renda
O palco mais utilizado da história do Campeonato Brasileiro vai ser deixado de lado na edição que começa amanhã. Único estádio a abrigar mais de mil jogos do Nacional, o Maracanã virou um mico para os clubes cariocas. Tanto que, dos quatro grandes da cidade, só o Fluminense vai mandar lá todos os seus jogos. Vale tudo para fugir das altas taxas cobradas pelo governo do RJ, dono do mais famoso campo brasileiro, e da possibilidade de ser vitimado por um suposto esquema de evasão de renda investigado pelo Ministério Público. O plano mais radical é o do Flamengo, que vai disputar 16 de seus 23 jogos como mandante em Volta Redonda, cidade a 130 km do Rio. O Botafogo, como já é tradição, também vai fazer suas partidas longe da sua sede. A equipe do presidente Bebeto de Freitas vai cruzar a ponte e jogar no Caio Martins, em Niterói, remodelado pelo clube para a disputa da segunda divisão, no ano passado. O Vasco já esqueceu o Maracanã faz tempo. Mas o clube de Eurico Miranda tem a vantagem de ter um estádio próprio (São Januário). Um borderô de uma partida importante mostra a principal razão do esvaziamento do estádio mais famoso do país. No primeiro jogo da decisão do Estadual do Rio, entre Flamengo e Vasco, a renda bruta totalizou R$ 652 mil. Depois de todas as despesas pagas, os clubes ficaram com R$ 352 mil, ou 54% da arrecadação bruta. Esse valor é muito mais alto do que o cobrado em outras arenas esportivas. É o caso do Morumbi. Na primeira fase do Campeonato Paulista jogaram lá Palmeiras e Santos. Foram arrecadados R$ 289 mil com a venda de ingressos. Depois das despesas pagas, sobraram R$ 191 mil para os dois clubes, ou 66% do total. "A deterioração da federação e o controle conjunto levaram a isso. O Maracanã vai acabar não sendo utilizado nem em jogos da seleção no Rio", afirma o presidente do Flamengo, Márcio Braga, em referência à parceria entre a Federação do RJ e a Suderj, órgão do governo fluminense que administra o estádio. A venda de ingressos e o controle do acesso dos torcedores são compartilhados entre os dois. Braga também se refere ao suposto esquema de evasão de renda no estádio, investigado pelo Ministério Público Estadual. Perícias revelaram distorções entre borderôs e a contagem manual em dois jogos realizados em 2003. Acordo entre o Flamengo e a Prefeitura de Volta Redonda permitiu que a equipe mande a maioria dos seus jogos no estádio Raulino de Oliveira, recém-remodelado. Segundo Braga, o clube dividirá as despesas com o município, terá participação em todas as receitas e uma cota mínima de R$ 100 mil por partida. O Maracanã é um queijo suíço, os tumores estão incrustados ali. Esse modelo de gestão conjunta entre a Suderj e a federação se exauriu Márcio Braga presidente do Flamengo Texto Anterior: Estado concentra os cornéis de cartola do país Próximo Texto: Cultura do "de grão em grão" faz MG louvar ponto corrido Índice |
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