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MEDICINA
CIRURGIÃO GANHA 50% MAIS QUE CLÍNICO
Dificuldade para quem segue primeiro caminho é que se exige mais
do médico
FLÁVIA MARTIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Anos 80, os três filhos ainda
pequenos, a família reunida na
casa de praia no Guarujá (litoral paulista) e a tranquilidade
do cirurgião cardiovascular
Noedir Stolf, 67, era interrompida pelo mesmo motivo: alguém ligara para informar que
aparecera um doador de coração para um de seus pacientes.
Atual diretor do Incor (Instituto do Coração) e professor da
Faculdade de Medicina da USP,
Stolf deixava a família no Guarujá e corria para São Paulo.
"Era uma falta de privacidade e de liberdade enorme. Estatisticamente, transplantes costumam acontecer [mais] de
madrugada ou em finais de semana", diz o cirurgião, que, em
razão dos compromissos administrativos do cargo no Incor,
hoje faz menos operações.
Especialidades como a de
Stolf, que incluem cirurgias,
costumam ser as mais bem remuneradas na medicina, a carreira cujos profissionais, por
sua vez, são atualmente os mais
bem pagos no mercado, segundo pesquisa da FGV.
O Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo) estima que
um cirurgião costuma ganhar
em média 50% a mais do que os
colegas que só clinicam.
Mas o próprio presidente do
Simesp, o neurocirurgião Cid
Carvalhaes, faz a ressalva: "É
uma profissão de alta exigência. O profissional começa a estudar antes do vestibular e só
para depois que morre".
Carvalhaes diz que a dedicação começa no início da graduação: "A faculdade é em tempo integral, o período letivo é
maior do que o das demais graduações e, a partir do quarto
ano, praticamente não há férias, porque o aluno se envolve
em estágios e treinamentos".
Questão de escolha
Para Daniel Comparato, 33,
que concluiu em 2004 os quatro anos de residência em cirurgia cardíaca no hospital Beneficência Portuguesa de São
Paulo, a vontade de seguir a especialidade veio no terceiro
ano da faculdade, ao assistir a
uma cirurgia no coração do tio.
"Na outra semana, já estava
dando plantão no pós-operatório. Ficava mais tempo no centro cirúrgico que na faculdade."
A remuneração alta, para
Comparato, é relativa, já que,
depois da residência, segundo
ele, há duas opções.
A primeira é integrar equipes
maiores -com até quatro cirurgiões-, que atendam a muitos convênios de saúde e façam
várias cirurgias. Nesse caso, o
contracheque é mais polpudo,
mas a chance de participar do
ato cirúrgico é menor.
A segunda (que foi a opção de
Comparato) é entrar para uma
equipe menor, de dois ou três
cirurgiões, em que todos têm
de por a mão na massa, mas
que, em compensação, realiza
menos cirurgias. "A responsabilidade é muito maior, mas é a
chance de praticarmos."
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