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A terapia do orgasmo sem sexo
Segue alta a porcentagem de brasileiras que não sentem prazer; para essas,a proposta do tantra é separar mente e corpo
EDITORA DO VITRINE
Quem só conhece o sexo sem
orgasmo pode recorrer ao orgasmo sem sexo, desenvolvido,
praticado e transformado em
terapia por um grupo de tantra.
Numa definição tosca, tantra
é a linha hinduísta que busca
evolução espiritual a partir do
prazer. Para ampliar a potência
sexual, atingir hiperorgasmos e
abrir a consciência, tantristas
usam métodos milenares.
Usam também vibrador, no
caso do centro Metamorphosys
(centrometamorfose.com.br),
que funciona em várias capitais. Em São Paulo, suas três
unidades são procuradas por
mulheres com anorgasmia e
homens com ejaculação precoce e impotência.
"Recebemos mulheres com
40, 50 anos, que conhecem orgasmo aqui, pela primeira vez",
diz a terapeuta Deva Manisha,
uma loira com sotaque alemão
que trocou o diploma de letras
pelo caminho do tantra.
Na descrição dela, o que lá
chamam de orgasmo é um estado de percepção diferente, uma
sucessão de ondas de energia
que faz todo o corpo vibrar.
"Aqui, elas experimentam a
ejaculação feminina logo na
primeira sessão, têm orgasmos
contínuos e atingem a supraconsciência", vende Manisha.
Sim, mas qual é a técnica? "Difícil explicar com palavras, o
tantra é sensorial. É preciso
passar pela experiência."
Quem passou pela experiência, como a atriz paulistana
V.R., diz que a massagem "yoni" (vagina, em sânscrito) "leva
a um êxtase superior ao alcançado em relações sexuais".
Mas é tudo "sem malícia": "É
um atendimento profissional,
sem intenção sexual ou afetiva
entre cliente e terapeuta". Na
comparação dela, é como ir ao
dentista extrair um dente.
Só que será extraído um orgasmo. V., de 47 anos, resolveu
procurar o centro de tantra
porque depois de sair de um casamento de 20 anos não conseguia mais se entender na cama
com nenhum namorado novo.
A atriz conta que, na sessão, a
paciente se deita nua sobre um
colchão forrado, porque provavelmente vai ejacular. O ou a
terapeuta (o cliente escolhe)
coloca uma luva cirúrgica. As
outras ferramentas são óleos,
lubrificante e um vibrador, que
não se parece com um pênis.
Não se parece porque toda a
conduta ali tem o objetivo de
neutralizar as projeções, as memórias e o erotismo. "Usamos
estímulos físicos nos genitais
para despertar a inteligência
sexual do corpo. São diferentes
dos estímulos psicológicos, disparados por recordações ou
fantasias sexuais", explica Manisha. "Quando você dissocia o
pensamento do orgasmo, posso
dizer que ele vem, é garantido."
A massagem começa com toques na parte interna das coxas, que lembram os da drenagem linfática e visam a umidificação da vagina. Em seguida, há
toques na pélvis, na virilha, na
vulva, nos lábios externos e internos, no períneo.
O clitóris é manipulado e
alongado, em um método criado pelo fundador do centro,
Deva Nishok. Segundo ele, é
possível aumentar o tamanho
desse órgão (e o prazer), liberando-o dos vínculos ligamentosos do osso púbico. É a fase,
na massagem, chamada de "extrusão do clitóris".
No final da sessão, o terapeuta usa o vibrador em vários
pontos dos genitais da mulher.
"São estimulados pontos internos também, como o G.
Quando a vibração começa, eu
choro, me alivia. As ondas se espalham pelas áreas sensíveis e
acordam outras, muitas, que
estavam adormecidas. O prazer
toma o corpo todo, são muitos
orgasmos. É fantástico", diz V.
Ela afirma que foi buscar ajuda para a falta de prazer nas relações, mas achou um sistema
de cura mais profundo. "Depois
da massagem, sinto alívio emocional. Fico em um estado diferente que dura uma semana."
Muitas endorfinas, oxitocinas e serotoninas depois, a
atriz levou o namorado ao centro. Ela aprendeu a fazer nele a
massagem "lingam" (pênis)
-na qual, segundo Manisha , o
homem prova até quatro ejaculações e de oito a dez orgasmos
secos, tudo isso em uma hora e
meia. E ele aprendeu a fazer
nela a "yoni". O casal incorporou as técnicas tântricas nas
suas relações, final feliz.
Mas espera aí: terapeuta faz
cliente gozar como nunca, e
não acontece jamais nenhuma
confusão entre esses dois humanos? Nenhuma paixonite,
nenhuma dependência, nenhuma transferência?
"Também pensei que fosse
impossível", depõe o terapeuta
Evandro Palma. "Afinal, é um
corpo ali à disposição, e você
vai proporcionar tudo aquilo
para ele. Mas esvaziamos o
conteúdo erótico disso, separamos orgasmo do sexo. Trabalhamos a energia sexual, mas o
foco é expansão espiritual", diz.
Segundo ele, a pessoa não fica dependente da técnica. "A
gente viabiliza, mas o orgasmo
é de quem sente", diz. E fecha:
"Ao perceber a grande descarga
energética que seu corpo é capaz de produzir, a pessoa fica
autônoma, para de enxergar o
parceiro como projeção de si, o
que facilita as relações."
É pagar -R$ 299 por 90 minutos de loucura- para ver.
(HH)
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