São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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A MELHOR HORA

Em mercado competitivo, profissionais acreditam ser melhor começar o curso mais cedo

Pressão acelera matrícula em MBA

DENNIS BARBOSA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Movidos pela competitividade do mercado de trabalho e de olho em posições executivas, muitos cobiçam incluir um curso de MBA no currículo -e cada vez mais cedo.
Segundo a pesquisa Datafolha, o tempo médio considerado ideal para começar a especialização é de 3,6 anos após o término da graduação. Entre os que estão fazendo MBA, 10% fizeram a matrícula em menos de um ano após a formatura.
Mas vale a pena ceder à tentação de incrementar o currículo, mesmo sem ter certeza de que o nível de experiência profissional permitirá aproveitar um curso desse tipo?
"O mestrado tradicional é para quem deseja seguir carreira acadêmica, então quanto mais jovem o aluno, melhor. Mas, no caso do MBA, é preciso alcançar certa maturidade", pondera Gilberto Guimarães, professor da Fundação Getulio Vargas e do Ibmec São Paulo e diretor da consultoria francesa de recursos humanos BPI no Brasil.
Ele não indica MBA a recém-formados: "Escola dá conhecimento, mas só a prática transforma isso em competência".
Davide Aprile, gerente de RH da Novartis, aponta que apenas após alguns anos de experiência gerencial o profissional tem condições de aproveitar o que o curso lhe oferece. ""A troca de experiências é parte fundamental do MBA", observa.
"No caso dos mais jovens, com três anos de formados, por exemplo, não noto uma diferença muito grande entre os que fizeram MBA e os que não fizeram. Por isso não tê-lo no currículo não é fator excludente nas nossas seleções."
A gerente de gestão de recursos humanos da consultoria KPMG, Cristiane Gonçalves -que fez, ela própria, dois MBAs-, concorda e cita que nunca atendeu a uma empresa que pedisse a exclusão de candidatos que não fizeram MBA.
Para ela, não adianta querer queimar etapas. "Alguém que ainda não fale inglês bem, por exemplo, não pode pensar em fazer MBA", completa.

Espera é mais longa
Apesar de 75% dos alunos e ex-alunos de MBA acharem que o tempo ideal para fazer essa pós seja de até cinco anos após a graduação, eles efetivamente esperaram seis anos, em média. E boa parte (30%) esperou de seis a dez anos, segundo a pesquisa do Datafolha.
Isso significa que a maioria dos alunos acredita estar "atrasada" na carreira. Para Fernando Vareschi, 29, diretor de uma agência de "casting" e aluno do MBA Executivo na BBS (Brazilian Business School), essa sensação de ficar para trás vem da pressão do mercado.
"Vejo que principalmente os funcionários de multinacionais se sentem desajustados, talvez porque em suas empresas a concorrência costuma ser ainda maior", comenta.
Ele conta que o MBA o ajudou a impulsionar sua carreira. Desde que iniciou o curso, ele diz ter recebido novas e boas propostas de trabalho.
"Um dos motivos de eu ter me tornado diretor foi porque o dono da empresa viu que eu estou fazendo um MBA em uma área especializada", revela.


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