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INFLUÊNCIA
Invasão brasileira começou em 76, com "Gabriela'; neste
mês, 75,5% dos portugueses que ligaram a TV trocaram
seriados cômicos pelos capítulos finais de "Torre de Babel"
Novelas derrubam humor de Portugal
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local
Se todas as novelas da Rede Globo são exibidas em Portugal, não é
de estranhar que a novela seja a
terceira coisa que vem à cabeça do
português quando pensa em Brasil
-apenas atrás das praias e do sol.
Nem é de espantar que, exibidas
em horário nobre, as novelas frequentemente ocupem a maior audiência do país. No início deste
mês, por exemplo, de todos os portugueses que ligaram a TV em suas
casas, 75,5% sintonizaram os últimos capítulos de "Torre de Babel".
Se no Brasil as novelas perdem
em audiência apenas para o "Fantástico" e o "Jornal Nacional", em
Portugal elas disputam a audiência
com seriados cômicos e com "Ponto de Encontro", programa que
ajuda telespectadores a encontrar
familiares desaparecidos.
Foi-se o tempo em que "Escrava
Isaura" era sinônimo de novela de
exportação. Hoje, com apenas semanas de atraso, o português já assiste "Suave Veneno", "Meu Bem
Querer" e "Pecado Capital".
A mudança tem data exata: 1993,
quando a Rede Globo parou de
vender novelas ao canal estatal
RTP e se associou à recém-criada
SIC, ajudando-a a se tornar líder
absoluta de audiência no país (veja
quadro nesta página).
Ao longo de seus 17 anos de parceria com a Rede Globo, a RTP exibiu 43 novelas -uma proporção
de 2,5 ao ano. Já a SIC, apenas de
1993 para cá, mostrou 35 produções -quase 6 por ano.
Essa inundação não se limita
apenas às novelas -o restante da
produção do núcleo de dramaturgia da Globo é disputada a tapa pelos canais portugueses.
A SIC, por exemplo, exibe "Mulher" e "Hilda Furacão". Prepara-se para exibir outras três: "Dona
Flor", "Chiquinha Gonzaga" e "Labirinto". Desde o ano passado, há
ainda o canal pago GNT, da Globosat, que exibe "Malhação" e outras
novelas e séries da Rede Globo.
"As novelas da Globo são as de
maior audiência em Portugal. As
do SBT e da Bandeirantes não funcionam tão bem. Os atores da Globo já entram na casa das famílias
portuguesas, como no Brasil", diz
a chefe de aquisições internacionais da TVI, Margarida Pereira.
E entram mesmo. Nada menos
que 70% das famílias de renda baixa e intermediária têm grande ou
médio interesse pelas novelas brasileiras. O número cai um pouco
apenas entre os que tem renda familiar alta: 57%.
Para o professor aposentado Manuel José Lopes da Silva, que dirige
a Associação Portuguesa dos Espectadores de TV, esse alto índice
ocorre porque as novelas brasileiras correspondem mais às expectativas do público. "Além de mais
sofisticadas do ponto de vista técnico, as novelas brasileiras procuram agradar a audiência. De qualquer forma, no fundo, é a mesma
cultura", afirma o professor.
Outro fator é que os programas
estrangeiros em Portugal não costumam ser dublados, e sim legendados. Assim, a novela brasileira já
sai em vantagem.
Impossibilitada de comprar novelas da Rede Globo, Margarida
Pereira tem que se contentar com
novelas que, segundo ela própria,
"não funcionam bem".
Estão no ar pela TVI, por exemplo, "Pérola Negra", do SBT, "Serras Azuis", da Bandeirantes. "Fascinação" (SBT) acaba de ser exibida. "Foi um sucesso. Tivemos 3
pontos de média", afirma.
Segundo Orlando Marques, diretor-geral da divisão de vendas internacionais da Globo, as maiores
médias históricas de novelas em
Portugal são de "Roque Santeiro",
exibida em 93, e de "Rei do Gado"
(97), ambas com 23 pontos.
A primeira novela exibida foi
"Gabriela", em 1976, pela RTP. Foi
líder de audiência por três meses,
alcançando 21 pontos de média.
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