São Paulo, domingo, 22 de maio de 2011

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Tecnológicos vão manter expansão

"Formações específicas estão longe da saturação", afirma responsável pela regulação de cursos no MEC

DANIELA MERCIER
DE SÃO PAULO

"Ainda há muito a crescer." É o que afirma Andréa Andrade, diretora de regulação e supervisão da educação profissional e tecnológica do MEC, quando perguntada sobre a oferta de cursos superiores tecnológicos. Segundo a pesquisadora, não apenas em número de vagas, mas também na diversidade de carreiras.
Foi essa uma das razões que a levaram à sua pesquisa de mestrado, defendida em 2009 na UnB (Universidade de Brasília), em que desenhou o perfil dos estudantes dos cursos tecnológicos. No estudo, Andrade aponta que o principal atrativo dessas formações é a expectativa de inserção rápida no mercado de trabalho -fatores como duração menor e custo mais baixo são menos determinantes.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Folha - A oferta de cursos superiores de tecnologia teve um crescimento, na última década, de cerca de 1.500% no país. O que motivou essa explosão?
Andréa Andrade - Esse crescimento está inserido no fenômeno conhecido como diversificação da oferta do ensino superior. Há três décadas, o número e a tipologia de cursos tecnológicos existentes eram bem inferiores ao que temos hoje. Foi uma demanda tanto da academia, do mercado, quanto dos próprios estudantes.



Pode explicar o que é essa diversificação?
Para dar um exemplo fora dos cursos tecnológicos: eu sou engenheira eletricista e, quando me graduei, não havia formação para a tecnologia do celular. Agora, essa é uma demanda necessária.
Trabalhar com tecnologia de comunicação sem fio e telefones móveis requer uma formação muito específica.
Outro exemplo é o curso de logística. Há alguns anos, para trabalhar nessa área, era necessário fazer uma graduação em administração de empresas.
Mas nesse curso, possivelmente, a parte de logística era contemplada por apenas uma ou duas disciplinas. Com o avanço das relações comerciais, a logística tem se tornado cada vez mais importante. Passou a ser requerido um profissional com formação específica.


Esse crescimento tende a continuar ou há risco de saturação nos próximos anos?
Isso é uma tendência mundial. Olhando a experiência de outros países, os cursos tecnológicos devem se estabilizar ente 35% a 40% da oferta [total de cursos de ensino superior]. Hoje, no Brasil, eles representam 15%, a depender do levantamento e da área. Mas creio que esse crescimento vai persistir por muitos anos.


Pensando no estudante jovem, que acaba de sair do ensino médio: optar por um curso tecnológico é "arriscado"?
O curso tecnológico, por ser mais focado, exige que o aluno tenha certeza do que vai encontrar e se é isso que ele quer fazer. Em um curso generalista, talvez, a possibilidade de escolhas durante o próprio curso seja maior.
Indico os cursos tecnológicos para estudantes recém-chegados do ensino médio sim, desde que estejam bem informados sobre o curso e a profissão. Mas isso talvez não seja um problema. Sabemos que o jovem de hoje tem mais informação do que as gerações anteriores.


Atualmente, a maior parte da oferta de tecnológicos está nas instituições privadas. É mais vantajoso investir nesses cursos (menor duração)?
Esses cursos exigem profissionais com experiência de mercado. São mais caros e mais difíceis de montar. A vantagem para as escolas, na minha opinião, está na ampliação do leque de oferta, que pode atrair mais alunos.


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