São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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DIREITO

Empresas abrem capital e nicho para advogados

Área de investimentos demanda profissional que dê suporte jurídico às operações

EDUARDO CAMPOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A estabilidade e o crescimento econômico dos últimos anos levaram muitas empresas a abrir seu capital no mercado acionário e tornaram mais comuns algumas modalidades de captação de recursos, como emissão de títulos de dívida.
As companhias passaram, então, a buscar advogados que entendam de economia. "Há demanda por profissionais especializados que dêem suporte jurídico a essas operações", confirma José Eduardo Carneiro Queiroz, 37, sócio responsável pela área de mercado de capitais no escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga e professor da Fundação Getulio Vargas.
E pagam bem. Segundo Eduardo Bacetti, 28, gerente da divisão legal da Michael Page, especializada em recrutamento, os salários mais altos estão em áreas novas, como mercado de capitais. "Ramos como direito cível e trabalhista têm os salários menos inflacionados."
Como o desenvolvimento é recente, a maior parte dos advogados não sai da faculdade com conhecimentos específicos sobre mercado de capitais.
"As faculdades não têm foco em finanças, economia e contabilidade, importantes para o ramo", explica Daniela Sampaio Doria, 34, uma das sócias do escritório Pinheiro Neto responsáveis por mercado de capitais.
Para compensar a falta de formação, escritórios treinam profissionais em países com mais tradição no setor, como os Estados Unidos. "Oferecemos bolsa de estudos para funcionários fazerem mestrado em boas universidades estrangeiras", explica Daniel Facó, 34, sócio do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice.

Na prática
Cabe aos profissionais a busca por uma formação adequada. "Quem tem outro curso de graduação além do de direito parte na frente em um processo seletivo", explica Doria.
Advogados da área ressaltam que só no dia-a-dia o profissional dominará as novas atribuições. "Com boa base jurídica, conseguirá aprender na prática o funcionamento da área, porque há regulamentação bem detalhada", acredita Facó.
Se as boas condições econômicas se mantiverem, o ramo tende a crescer. "A obtenção do "investment grade" [grau de investimento] deve contribuir ainda mais", aponta Doria.
As atividades ligadas diretamente a investidores estrangeiros tornam imprescindível a fluência em inglês. "Com a entrada de latino-americanos no mercado, o espanhol também é importante", acrescenta Doria.


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