São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004

MUITO ALÉM DA CIDADE

Governador diz que não é possível aceitar que presidente faça propaganda na inauguração de obras

Cabo eleitoral Alckmin critica cabo eleitoral Lula

CAIO JUNQUEIRA
DA FOLHA ONLINE

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa pela Prefeitura de São Paulo ganhou, de vez, tom nacional com o embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Um dia após a imagem de Lula ser explorada na campanha de Marta Suplicy (PT), Alckmin -que apareceu logo no início da campanha na TV pedindo votos para José Serra (PSDB)- criticou, ontem, a manifestação de apoio do presidente à petista durante uma inauguração. Para ele, "não se pode aceitar como normal uma coisa que não é correta".
Dizendo que o presidente deve servir de paradigma -"quanto maior a responsabilidade mais importante é o exemplo"- Alckmin rechaçou a comparação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), segundo o qual sua participação na campanha de Serra justifica a atitude de Lula. No sábado, dia em que pediu voto para Marta na Radial Leste, Lula perguntou a aliados por que deveria ficar longe da campanha se Alckmin pedia votos para Serra.
"A comparação é totalmente inadequada. Estão querendo misturar alhos com bugalhos", disse ele, frisando que não há problema na declaração de apoio de Lula. "A única coisa que a lei veda -e nós devemos respeitar a lei- é ter um evento público, pago com dinheiro público, entregando uma obra pública e fazer campanha".
A chamada federalização da campanha contraria a estratégia da equipe de Serra, que se esforça para centrar fogo na gestão Marta. Ontem, por exemplo, ele chamou de eleitoreira a decisão da prefeita de pagar um décimo-terceiro a entidades assistenciais. "É o efeito benigno da eleição."
Ainda que tentando escapar da nacionalização da campanha, Serra reagiu à comparação de Lula ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo Serra, "Fernando Henrique sempre se pautou dentro da lei".
O PSDB entrou ontem com uma representação para que o Ministério Público Estadual investigue se Lula infringiu a lei a pedir votos a prefeita durante uma inauguração.
Esse clima de disputa transbordou para as ruas ontem, quando Serra foi "recepcionado" por cabos eleitorais da campanha de Marta em dois dos quatro pontos de encontro de sua agenda. No Itaim Paulista, cerca de 50 cabos eleitorais do PT -três deles munidos de rádio- estavam concentrados no largo programado para o início da caminhada.
Para chegar a uma padaria, Serra transpôs um cordão de cabos eleitorais. Cumprimentou alguns. Mas revelou seu mal-estar ao falar com uma delas. Ao ouvir gritos de "Marta, Marta", perguntou-lhe "Quanto você ganha?"."Não posso dizer", disse ele.
Serra admitiu a hipótese de a campanha adversária estar acompanhando sua agenda.
O comando da campanha petista afirmou que foi uma coincidência e disse que existe uma orientação para que não haja confronto.
O presidente estadual do PSDB paulista, deputado federal Antonio Carlos Pannunzio, distribuiu nota em que atribui a presença de Lula na inauguração a "um reflexo da deficiência na formação do atual chefe do Executivo". Procurado pela Folha, o Palácio do Planalto não se manifestou.


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