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ELEIÇÕES 2004
MUITO ALÉM DA CIDADE
Governador diz que não é possível aceitar
que presidente faça propaganda na inauguração de obras
Cabo eleitoral Alckmin critica cabo eleitoral Lula
CAIO JUNQUEIRA
DA FOLHA ONLINE
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa pela Prefeitura de São
Paulo ganhou, de vez, tom nacional com o embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e o governador Geraldo
Alckmin (PSDB).
Um dia após a imagem de Lula
ser explorada na campanha de
Marta Suplicy (PT), Alckmin
-que apareceu logo no início da
campanha na TV pedindo votos
para José Serra (PSDB)- criticou, ontem, a manifestação de
apoio do presidente à petista durante uma inauguração. Para ele,
"não se pode aceitar como normal uma coisa que não é correta".
Dizendo que o presidente deve
servir de paradigma -"quanto
maior a responsabilidade mais
importante é o exemplo"- Alckmin rechaçou a comparação do
presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), segundo o qual
sua participação na campanha de
Serra justifica a atitude de Lula.
No sábado, dia em que pediu voto
para Marta na Radial Leste, Lula
perguntou a aliados por que deveria ficar longe da campanha se
Alckmin pedia votos para Serra.
"A comparação é totalmente
inadequada. Estão querendo misturar alhos com bugalhos", disse
ele, frisando que não há problema
na declaração de apoio de Lula.
"A única coisa que a lei veda -e
nós devemos respeitar a lei- é ter
um evento público, pago com dinheiro público, entregando uma
obra pública e fazer campanha".
A chamada federalização da
campanha contraria a estratégia
da equipe de Serra, que se esforça
para centrar fogo na gestão Marta. Ontem, por exemplo, ele chamou de eleitoreira a decisão da
prefeita de pagar um décimo-terceiro a entidades assistenciais. "É
o efeito benigno da eleição."
Ainda que tentando escapar da
nacionalização da campanha,
Serra reagiu à comparação de Lula ao ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso. Segundo Serra, "Fernando Henrique sempre
se pautou dentro da lei".
O PSDB entrou ontem com
uma representação para que o
Ministério Público Estadual investigue se Lula infringiu a lei a
pedir votos a prefeita durante
uma inauguração.
Esse clima de disputa transbordou para as ruas ontem, quando
Serra foi "recepcionado" por cabos eleitorais da campanha de
Marta em dois dos quatro pontos
de encontro de sua agenda. No
Itaim Paulista, cerca de 50 cabos
eleitorais do PT -três deles munidos de rádio- estavam concentrados no largo programado
para o início da caminhada.
Para chegar a uma padaria, Serra transpôs um cordão de cabos
eleitorais. Cumprimentou alguns.
Mas revelou seu mal-estar ao falar
com uma delas. Ao ouvir gritos de
"Marta, Marta", perguntou-lhe
"Quanto você ganha?"."Não posso dizer", disse ele.
Serra admitiu a hipótese de a
campanha adversária estar acompanhando sua agenda.
O comando da campanha petista afirmou que foi uma coincidência e disse que existe uma orientação para que não haja confronto.
O presidente estadual do PSDB
paulista, deputado federal Antonio Carlos Pannunzio, distribuiu
nota em que atribui a presença de
Lula na inauguração a "um reflexo da deficiência na formação do
atual chefe do Executivo". Procurado pela Folha, o Palácio do Planalto não se manifestou.
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