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Mineiro reescreve e amplia léxico educacional
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Crianças de Araçuaí brincam de ciranda no projeto Sementinha |
DA ENVIADA ESPECIAL A ARAÇUAÍ
A recriação da roda, formada por Tião Rocha em uma escola debaixo de um pé de manga, avançou sertão adentro --alcançou sete Estados brasileiros-- e atravessou o mar para desembarcar em Moçambique, na África. Mas essa foi apenas uma das primeiras invenções do educador mineiro.
Laboratório do CPCD, foi em Curvelo (MG) onde surgiram outras teorias calcadas no saber popular, como a pedagogia do brinquedo (educação a partir de jogos como a "damática", mistura de dama e matemática), a pedagogia do sabão (impulsionadora das fabriquetas, que produzem desde bonecas até móveis), a pedagogia do abraço (estimuladora do afeto).
Com seu habitual chapéu, vício herdado de um amigo e que diz que só troca quando quer pensar de um jeito diferente, o atleticano ("por sina") continuou engrossando seu dicionário de terminologias educacionais. Tião tem léxico próprio.
Assim, do encontro com gangues de jovens que se mutilavam no Laranjal do Jari (AP), criou a "oficina de cafuné" depois que um garoto perguntou: "Tião, como faço para conquistar uma moleca?" Foi a deixa para o educador colocar questões de sexualidade na roda.
Para resolver a falência da educação em Araçuaí, inventou uma ‘‘UTI educacional" em que "mães cuidadoras" (ou educadoras) fazem "biscoito escrevido" e "folia do livro" (biblioteca em forma de festa) para ajudar menino na alfabetização.
E ainda colocou em uso termos como "empodimento", após ser várias vezes questionado pelas comunidades: "Pode [fazer tal coisa], Tião?" Pergunta seguida da resposta certeira: "Pode, pode tudo".
(GR)
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